Aos 36 anos, Ana Carolina Calabro Queiroga estudava para concursos e para conseguir a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com os diplomas de graduação em administração e em direito, ela tinha um leque de possibilidades pela frente. Os planos, porém, precisaram ser interrompidos após o inesperado diagnóstico de um câncer de mama.
“No primeiro momento, tive medo de morrer. É preciso aceitar a doença para as coisas fluírem bem. Minha escolha foi lutar com muita garra”, lembra Ana Carolina. E assim ela fez. Durante um ano e sete meses, ela passou por inúmeras sessões de químio e radioterapia. Os cabelos pretos e lisos caíram, mas, com bom humor, alegria e apoio da família e dos amigos, hoje ela está curada. Os planos, agora, são outros: viver com mais tranquilidade e ajudar outros pacientes a vencerem a doença. “Quero mostrar que o câncer não é o fim. O câncer não é uma sentença de morte. Em nosso grupo de apoio falamos a mesma língua”, afirma.
Incidência. Histórias como a de Ana Carolina são mais comuns do que se imagina. O câncer de mama é o segundo mais frequente no mundo, respondendo por 23% do total de diagnósticos da doença a cada ano. Mais comum no sexo feminino, estima-se que uma em cada dez mulheres será vítima da doença. Só para 2014, a previsão foi de 57.120 novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Esse tipo de câncer pode apresentar sintomas como nodulações, retrações e alterações da pele ou dos mamilos. Outras vezes, pode avançar de forma silenciosa, o que acaba atrasando sua descoberta. “O diagnóstico precoce, com pronta instituição da terapêutica, aumenta de maneira significativa a possibilidade de cura e favorece a utilização de tratamentos menos agressivos. O ideal seria que o câncer fosse diagnosticado em uma fase bem inicial, quando ainda não há sintomas”, explica Amândio Soares, oncologista e diretor da Oncomed-BH.
Segundo ele, como a mamografia é o único exame capaz de identificar lesões milimétricas na mama, ela é a principal indicação de rastreamento para mulheres entre 40 e 75 anos de idade.
Fatores de risco. Todas as mulheres em qualquer idade da fase adulta estão sujeitas ao desenvolvimento do câncer de mama. Porém, algumas estão mais predispostas à doença que outras. Ingestão regular de bebida alcoólica e obesidade, principalmente após a menopausa, contribuem para o aparecimento da doença. Já as causas hereditárias são responsáveis por cerca de 5% a 10% dos casos.
De acordo com o oncologista, a idade é o principal fator de risco, sendo mais comum o diagnóstico após os 60 anos. Alterações hormonais também podem levar ao câncer. “São consideradas de risco aumentado aquelas mulheres que tiveram sua primeira menstruação antes dos 12 anos; as que passaram pela menopausa após os 50 anos; as que tiveram a sua primeira gravidez após os 30 anos e, finalmente, aquelas mulheres que se submeteram à terapia de reposição hormonal pós-menopausa por período maior que cinco anos”, explica Soares.
Por outro lado, existem alguns fatores associados à redução dos riscos, que os especialistas chamam de “protetores”. “A amamentação é um deles. Estima-se que, para cada 12 meses de amamentação, ocorra uma diminuição de 4,3% do risco de câncer de mama. Com a prática regular de exercícios, a redução pode ser de 25%”, ressalta Soares.
Segundo dados do Inca, 30% dos casos podem ser evitados com mudança de hábitos, unindo alimentação saudável, atividade física regular e manutenção do peso ideal.
Tratamento. Ainda segundo o oncologista, o diagnóstico de um tumor menor que 1 cm e sem envolvimento de linfonodos na axila possibilita 90% de chance de cura e, muitas vezes, dispensa o tratamento quimioterápico. “Nos últimos anos, temos registrado grandes avanços no tratamento do câncer de mama. Esses avanços devem-se a um melhor conhecimento do comportamento biológico da doença. Hoje, sabemos que o câncer de mama pode apresentar comportamentos clínicos diferentes que requerem abordagens terapêuticas específicas para cada caso. Hoje, podemos oferecer um tratamento personalizado de acordo com o subtipo clínico e laboratorial da doença”, explica Soares.
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Diagnóstico precoce e hábitos saudáveis podem salvar vidas
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