Em meio à onda de contaminações por superbactérias no Hospital Regional de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, a unidade de saúde se vê às voltas com a morte de dois bebês do setor neonatal no último fim de semana. Segundo uma funcionária do hospital, um menino com seis dias de vida e uma menina nascida há sete dias tiveram choque séptico, resultado de uma infecção generalizada no sangue, provocada por bactérias, fungos ou vírus. Não se sabe se os casos têm relação com o surto da superbactérias.
No caso de crianças, o mais comum é contaminação por bactéria ou fungo”, afirmou o presidente da Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções (Ameci), Guilherme Armond. O hospital está no centro das atenções das autoridades de saúde por causa das denúncias de falta de infraestrutura e de pessoal. Além disso, ele é alvo de um surto da superbactéria KPC, uma das mais resistentes a antibióticos do mundo. Pelo menos 31 pacientes foram atingidos nos últimos 14 meses, segundo o hospital. No neonatal, três crianças foram isoladas e todos os pacientes foram examinados.
Documentos do setor revelam que, no último sábado, a menina morreu com choque séptico e enteroculite necrosante. Armond explicou que a primeira causa, chamada também de septicemia, é uma infecção na corrente sanguínea. “São micro-organismos resistentes, que se espalham pelo corpo”, disse o especialista. Já a enteroculite necrosante consiste, segundo ele, em uma infecção grave no intestino, que pode ser provocada por diversos fatores, entre eles, a ingestão rápida de alimentos.
Uma enfermeira do hospital contou que a menina nasceu sadia e chegou a receber alta. “Três dias depois, ela precisou retornar ao hospital e foi para o neonatal, onde morreu”, relatou a profissional, que preferiu ter o nome preservado.
No domingo, foi a vez do menino. Ele teve choque séptico e coagulação intravascular disseminada. A segunda causa, ainda de acordo com Armond, pode estar relacionada à septicemia ou ao parto. Segundo a funcionária, não é comum duas crianças morrerem por infecção no hospital em tão pouco tempo.
Vulneráveis
O presidente da Ameci disse que pacientes de centros de terapia intensiva neonatal estão mais vulneráveis a esses diagnósticos. “É uma nova vida que chega ao mundo sem defesas. Eles têm baixa imunidade. Se há procedimentos invasivos e muito contato com profissionais, a possibilidade de se infectar é muito grande”, concluiu.