Em um evento programado para a próxima quarta-feira, denúncias de estupros cometidos contra mulheres durante festas realizadas em repúblicas estudantis de Ouro Preto, na região Central do Estado, serão lidas em uma praça pública da cidade histórica. Intitulado “Dançar é uma revolução! Para que mais nenhuma mulher seja estuprada!”, o ato terá intervenções artísticas e distribuição de panfletos com contatos de um grupo de apoio criado para ajudar as vítimas.
A ação é organizada pelo Núcleo de Investigações Femininas (Ninfeias). O coletivo realiza pesquisas sobre feminismo e performance e reúne, majoritariamente, alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). “Queremos não só chamar a atenção da população para o que vem acontecendo, mas conclamar as mulheres a fazerem a denúncia e mostrar que elas não estão sozinhas”, disse a coordenadora do Ninfeias e professora de artes cênicas da Ufop, Nina Caetano.
“Além das pessoas que vão dançar, a ação visa atingir a população que estará passando pelo local”, explicou a coordenadora.
Relatos. Durante a manifestação, serão lidos relatos de ao menos seis mulheres que dizem ter sofrido estupros em festas nas repúblicas entre os anos de 1998 e 2014, conforme O TEMPO mostrou com exclusividade em reportagens na semana passada.
Quarta-feira a reportagem apresentou denúncias de alunos que disseram ter sofrido humilhação nas “batalhas” – como é chamado o processo de seleção dos candidatos a uma vaga nas repúblicas federais de Ouro Preto –, que não são focadas no critério socioeconômico.
A dificuldade para entrar nas casas estaria causando uma sobra de vagas nas moradias. A Ufop nega a existência das “batalhas” e informou que o processo de seleção “respeita o estatuto e a autonomia das repúblicas”.
Serviço
Protesto. O evento ocorrerá na próxima quarta-feira, a partir das 15h, na praça da Estação, em Ouro Preto. A organização está convidando os participantes a vestirem branco e roxo durante o ato.