O sonho de estudar Medicina em Buenos Aires terminou abruptamente para a belo-horizontina Laís Moreira Martins, 25 anos. Por volta do meio-dia do último domingo (4), a universitária deu entrada no Hospital Fernandez com dores e febre alta, quadro que evoluiu para um choque séptico e óbito em poucas horas. Além do susto e da angústia, a família da universitária enfrenta agora obstáculos burocráticos para trazer a filha de volta ao Brasil.
“É um calvário em cada órgão público que a gente vai”, conta José Giglio Silva, padastro de Laís, que está em Buenos Aires com a esposa e mãe da universitária, Andreia Campanha. “O que nos foi informado é que todo esse processo envolve questões burocráticas próprias da Argentina que devem ser cumpridas, mas é tudo muito demorado e o nosso sofrimento e angústia vai aumentando”, diz.
Giglio chegou na capital argentina na tarde de segunda-feira (5) acompanhado do pai de Laís, Maycom Martins. A mãe, Andréia, tinha embarcado no próprio domingo para a Argentina após saber da internação da filha. Após o óbito, ela e as amigas que levaram Laís ao hospital prestaram depoimento à Polícia Federal Argentina.
No momento, o corpo de Laís aguarda a conclusão da autópsia no Morgue Judicial, o Instituto Médico Legal argentino. Por ser estrangeira e ter sido vítima de uma morte súbita, os processos e as análises do corpo serão minuciosas e demoradas. Segundo Giglio, a previsão do órgão é liberar o corpo após a entrega dos laudos, o que deverá ocorrer em 60 dias.
“A delegacia ainda não encaminhou o sumário dos depoimentos da mãe e das amigas à Fiscalia”, conta Giglio. A Fiscalia é o órgão argentino similar ao Ministério Público brasileiro e será o responsável pela liberação do corpo de Laís. “Não é simples igual no Brasil. Não anda, as coisas não caminham aqui”.
A liberação para ver o corpo da filha, por exemplo, levou quase 72 horas e só foi obtida nesta terça-feira (6) após a família contratar um advogado para auxiliá-los no caso. Além disso, a família utiliza as redes sociais para divulgar o caso e pedir auxílio.
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores disse que o Consulado-Geral do Brasil em Buenos Aires está prestando "todo o apoio cabível aos familiares da Sra. Laís Moreira Martins, inclusive no que se refere à expedição de documentos, como certidão de óbito, junto às autoridades locais, levantamento de orçamentos junto a funerárias e outras providências relacionadas à agilização do translado do corpo".
Governo de Minas solicitou "atenção especial" ao caso
Por meio de nota, a Assessoria de Relações Internacionais do Governo de Minas afirmou que soube do falecimento de Laís Moreira nesta terça-feira (6) e que acionou o Escritório de Representação do Ministério das Relações Exteriores em Minas para solicitar "especial atenção ao caso pelas autoridades argentinas".
"A Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais também está acompanhando todos os procedimentos, em conjunto com a Assessoria de Relações Internacionais. Paralelamente, o Consulado-Geral da Argentina em Minas Gerais foi também acionado e atua junto à Chancelaria Argentina para facilitar os trâmites", escreveu a assessoria.
O caso
Laís Moreira Martins se mudou para Buenos Aires, na Argentina, em 2014 para estudar Medicina. Segundo familiares, a graduação no exterior era um sonho da universitária. Na noite de sábado (4), a jovem começou a sentir dores no corpo e febre. O quadro se agravou na manhã de domingo (5).
Amigas da universitária prestaram socorro à Laís, que deu entrada no hospital Fernandez por volta do meio-dia. Laís Martins já apresentava choque séptico, sem pulso e com irritações visíveis na pele. Durante a tarde, o quadro piorou e a universitária teve duas paradas cardíacas antes de vir a óbito, por volta das 17h.