Batalha dos Guararapes

Familiares tentam se reerguer

Processo judicial e investigação trazem lembranças e saudade

Por Bárbara Ferreira
Publicado em 03 de julho de 2015 | 03:00
 
 
 
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Duas famílias ainda tentam se reerguer da perda provocada pela queda do viaduto Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I, na região Norte da capital, há exatamente um ano. Para amigos e parentes das duas pessoas que morreram no desabamento da estrutura, superar a dor se torna difícil quando o caso anda a passos lentos e a todo momento algo remete ao acidente. O luto é vivenciado tanto no processo judicial como nas polêmicas sobre a causa do acidente e na tentativa de se obter justiça. Assim, todos afirmam que a superação só virá com a punição dos envolvidos.

“O dia 3 de julho para mim é uma data que, se pudesse, não queria lembrar nunca mais. Todo mundo tem um dia de infelicidade na vida. Esse, eu tenho certeza que foi e vai ser o pior dia da minha vida. Perder uma filha, de 24 anos, no auge e cheia de vida. De repente, a vida ser tirada dessa forma, é muito triste”, conta a autônoma Analina Soares Santos, 52, mãe de Hanna Cristina Santos, motorista do ônibus suplementar 70, atingido pelo viaduto. Ela morreu na hora.

Para Analina, o marido e os outros dois filhos, a dor só aumenta e a única forma de consolo seria a prisão dos responsáveis. “Eu queria, pelo menos, que tivesse justiça e que eles pagassem pelo que fizeram. Queria vê-los na cadeia, perdendo diploma ou não podendo mais exercer a função que eles exercem. Mas acho que isso não vai acontecer”, conta emocionada.

Veja o mini documentário que fizemos com familiares e outros personagens relacionados a queda:

 

O dentista Edmilson Guedes de Moura, 42, era grande amigo de Frederico Moreira do Nascimento, 25, que morreu ao ter seu carro atingido pelo viaduto. Para ele, indenizações não são suficientes. “A única coisa que a gente espera é que sejam tomadas atitudes para que não aconteçam mais acidentes. E a gente vê que hoje ainda existem problemas. Espero que isso mude.”

Lembranças. A autônoma Marlene Matias, 41, é moradora do edifício Antares, vizinho à estrutura que desabou. Ela ainda traz na memória os transtornos e o abalo psicológico provocados pelo acidente. “Se alguém for punido, vai ser algo brando. Para mim, isso não foi uma fatalidade, foi um crime. Fatalidade é algo que não se pode evitar, nessa queda se sabia dos erros, como foi apurado pela investigação. É uma pena que seja julgado como desabamento”, lamenta.

Marlene ainda tem medo de passar embaixo de viadutos e pensa em vender o seu apartamento para tentar esquecer o que aconteceu.

Evitar Erros. No fim do ano passado, a Sudecap abriu uma licitação para contratar empresa que será responsável por avaliar projetos estruturais de infraestrutura e edificações em andamento na capital.
 

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