No próximo domingo

Feira em Belo Horizonte quer empoderar mães que se tornaram empreendedoras

Sem ter com quem deixar os filhos ou com dificuldades para se encaixar no mercado de trabalho, muitas mulheres encontram o empreendedorismo como saída

Por Natália Oliveira
Publicado em 06 de dezembro de 2019 | 11:19
 
 
 
normal

Após se tornarem mães, muitas mulheres encontram dificuldades para se manterem ou entrarem no mercado de trabalho formal com carteira assinada, seja pelo preconceito ou pela dificuldade de não ter com quem deixar os filhos.

A rota de fuga encontrada por elas para se manter financeiramente é o empreendedorismo e a criação de coletivos que ajudam a adquirir força e a divulgar seus trabalhos.

Essa é a prerrogativa da Feira de Empreendedorismo Materno, que será realizada no próximo domingo (8), no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. 

“A proposta do Coletivo Materno é gerar renda para as mães que acabam tendo que deixar o mercado de trabalho após a gestação, ou para cuidar dos filhos ou por causa do preconceito. Com isso, empreender e ter seu negócio próprio é uma ótima saída financeira. A criação do coletivo serve para costurar essa relação com outras mães. Às vezes a gente fica pensando que não se encaixa mais no mercado de trabalho e fica pensando no que vai fazer. Esse empreendedorismo dá força e potência para a gente”, explica Tatiana Sansi, de 37 anos, que integra o coletivo e é mãe de uma menina de 1 ano e 8 meses. 

A feira acontece neste domingo, entre 10h e 17h, na rua Carangola, 446, no Espaço Santo Antônio e para as 12 mulheres que participam, o evento é uma oportunidade de gerar renda e ainda se sentir acolhida trabalhando.

“Estar junto com outras mães que entendem que meu ritmo de produção e criação é outro após a maternidade é como ser totalmente abraçada. Sei que ninguém vai olhar com cara feia se eu tiver de levar minha filha na feira, por exemplo”, considera Emanuelle Elizabeth de Souza Evangelista, de 29 anos, que vai levar sua marca Manuall Cadernos Artesanais para a feira.

Atualmente, ela se divide entre cuidar da filha de um ano e 8 meses e a produção de materiais de papelaria. 

A situação dessa mãe se repete com várias outras e há bastante tempo. A peruana Marinela Herrera Sarmiento, de 50 anos, contou que quando seu filho nasceu, há 17 anos, ela tentou conseguir um emprego de carteira assinada, mas viu que era impossível.

“Além do preconceito de ser mãe sozinha, tinha a dificuldade de que se eu arrumasse um trabalho, eu teria que deixar meu filho com alguma pessoa ou em uma creche, e por ser estrangeira eu não tinha confiança para isso. Estava longe da minha família e não conhecia quase ninguém aqui”, contou a artesã. 

Aos 63 anos de idade, Zélia Pereira dos Santos, precisou empreender quando teve seu primeiro filho, há 37 anos, e continuou na missão quando recebeu seus netos.

“Eu não deixei o mercado de trabalho, me excluíram dele. Uma mãe e avó com 63 anos não tem oportunidade de mostrar o quanto ainda tem capacidade para exercer qualquer função que esteja ao nosso alcance. Agora, com dois netinhos e tendo que ajudar, o coletivo veio acender em minha vida a oportunidade de criatividade, liberdade de horário e oportunidade de poder ficar com meus netos. O meu trabalho é levar até você o carinho e a delicadeza de uma mesa bem posta”, contou, orgulhosa. 

A feira oferecerá produtos de papelaria, artesanato de moda, bordado, aromaterapia, cerâmica, bordado, decoração e assessorios. 

Serviço:

Feira Materna

Local: Estação Santo Antônio, rua Carangola, 446, bairro Santo Antônio

Horário: 10h às 17h 

Data: 08/12/2019

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!