Energia

‘Gatos’ registrados pela Cemig sobem 33% em MG

Em 2016, foram 20 mil irregularidades; edifício Maletta, na capital, foi fiscalizado

Por Letícia Fontes
Publicado em 29 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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De janeiro a agosto deste ano, as fraudes em medidores de consumo de energia elétrica e ligações clandestinas aumentaram 33% em relação a todas as irregularidades identificadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) em 2015. Somente em 2016, foram detectadas 20 mil infrações, contra 15 mil no ano passado, sendo que o prejuízo anual que elas provocam chega a R$ 300 milhões. Segundo a concessionária, parte dessa perda financeira é rateada entre todos os consumidores.

Nessa terça-feira (27), em uma ação de fiscalização no edifício Maletta, no centro de Belo Horizonte, a Cemig identificou 62 casos suspeitos de irregularidades em equipamentos de medição. Os aparelhos foram recolhidos e encaminhados para o laboratório da Cemig para perícia técnica. O resultado leva, em média, 30 dias para sair. Além disso, foram efetuados 11 cortes de energia devido à inadimplência.

Segundo o engenheiro de Planejamento da Cemig, Armando Fernandes Rocha, a maioria dos casos acontece com clientes corporativos. “Entre os fraudadores estão padarias, indústria e comércio. Nesses casos, ocorre a adulteração dos medidores, com violação do lacre e ranhura dos discos de medição”, explicou.

A empresa não informa o número de fiscalizações feitas nos últimos anos, mas, desde 2012, a Cemig utiliza softwares para seleção de alvos e o monitoramento à distância do consumo de grandes clientes. Existem ainda 26 especialistas que, de acordo com a concessionária, podem identificar instantaneamente qualquer anomalia no padrão de consumo. “Monitoramos aproximadamente 8 milhões de clientes”, destacou o engenheiro, ressaltando que é identificado tanto o aumento quanto a diminuição do consumo de energia.

“Em grandes clientes, é realizado monitoramento 24 horas por dia durante sete dias por semana. Em residências, essa fiscalização é feita por meio da média de consumo mensal”, detalhou.

No caso do Maletta, se forem confirmadas as irregularidades, os infratores podem responder criminalmente, já que a intervenção é crime previsto no artigo 155 do Código Penal e prevê multas e pena de um a oito anos de reclusão, além da obrigação de ressarcimento de toda a energia furtada e não faturada em até 36 meses, de forma retroativa.

Administração

Resposta. A administração do edifício Maletta informou que os relógios são trancados e de responsabilidade dos proprietários. O condomínio disse não ter sido informado do resultado da ação.


Saiba mais

Fiscalização. Desde agosto, foram realizados pela Cemig dois mutirões na capital. O primeiro aconteceu no Edifício JK, no dia 25 de agosto, onde foram identificados 95 casos de suspeita de irregularidade. A direção do condomínio não foi encontrada nessa quarta-feira (28) para comentar o caso. No último dia 20, foram encontradas fraudes em cinco restaurantes no bairro de Lourdes, na região Centro- Sul.

Investimento. Cerca de R$ 12 milhões foram gastos com a construção do Centro Integrado de Medição (CIM). Com uma sala de operação localizada no Barro Preto, na região Centro-Sul de BH, o CIM foi projetado para funcionar com 26 postos de trabalho, entre engenheiros e técnicos, sendo 12 destinados às atividades de monitoramento dos sistemas de medição e nove para seleção de alvos de inspeção. 

Acidentes. Neste ano, foram registrados, em todo o Estado, três acidentes envolvendo furtos de cabos de energia e ligações irregulares. Duas ocorrências foram fatais, sendo uma em Belo Horizonte e outra em Uberlândia, no Triângulo.

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