Foi interrompido, por volta das 22h50 desta quarta-feira (28), o julgamento do crime que ficou conhecido como Chacina de Unaí. Durante a noite, foram ouvidas quatro testemunhas de defesa de Rogério Alan Rocha Rios, um dos pistoleiros que teriam recebido dinheiro de Norberto Mânica para matar os três auditores fiscais e o motorista que trabalhavam na vistoria de fazendas no Noroeste de Minas
Conforme os depoimentos de Paulo Rodolfo Rocha Rios, irmão do réu; da ex-namorada dele, Rosedalva Gonçalves; e de mais dois amigos, Jorge das Neves e Ademir de Souza, Rogério estava em Salvador no dia 28 de janeiro de 2004.
No entanto, a procuradoria acredita que o segundo pistoleiro, Erinaldo Vasconcelos, irá confessar o crime. Caso isso aconteça, a procuradoria pretende fazer uma acareação entre o pistoleiro e Rosedalva. A acusação exibiu vídeos sobre o caso, além da reportagem de uma rede de televisão sobre a chacina.
Defesa e acusação realizaram a leitura dos depoimentos que constam do autos do processo.
Delação
O depoimento do réu Hugo Pimenta marcou o segundo dia do julgamento do crime que ficou conhecido como Chacina de Unaí. Ele fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público em 2007, o que garantiu a liberdade provisória do réu naquela época e a redução de pena em dois terços, em caso de condenação. Ele confirmou nessa quarta-feira (28) o que já havia sido adiantado pela Procuradoria da República nessa terça-feira (27): o fazendeiro Norberto Mânica ofereceu dinheiro para que pistoleiros confessassem o crime de latrocínio.
Segundo ele, os pistoleiros Erinaldo Vasconcelos, Rogério Alan Rocha Rios e Wiliam Gomes receberam dinheiro de Mânica. "Eu soube que o Norberto prometeu R$ 300 mil para o Erinaldo e R$ 200 mil para o Rogério, mas não sei se ele pagou", disse Pimenta. Segundo ele, a promessa foi feita quando os dois ainda estavam presos.
Ainda de acordo com Pimenta, Mônica teria oferecido repor para Gomes parte de um patrimônio que ele havia perdido. O depoimento dele durou cerca de uma hora e meia.
Durante a manhã, o chefe da Divisão de Homicídios de Belo Horizonte, Wagner Pinto, foi ouvido no tribunal e afirmou que a polícia tem provas de que os assassinatos foram feitos por interesses do fazendeiro Norberto Mânica.
Os suspeitos, Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva, conhecido como Júnior, serão julgados por homicídio qualificado e formação de quadrilha. O julgamento que começou nessa terça-feira (27), tem o júri composto por cinco mulheres e dois homens.Entenda o caso
Os assassinatos dos quatro servidores públicos aconteceram em janeiro de 2004. Foram mortos três auditores fiscais e um motorista que trabalhavam na vistoria de fazendas e pequenas propriedades rurais de Unaí. O grupo averiguava a existência de trabalho escravo e irregularidades trabalhistas.
Atualizada às 22:45