A Polícia Civil enviou ontem equipes de reforço para Paula Cândido, na Zona da Mata, onde são apurados casos de destruição de capelas da Igreja Católica, possivelmente motivada por intolerância religiosa. Ao menos sete templos da região foram incendiados e depredados nos últimos meses em povoados rurais próximos uns dos outros. Os investigadores já têm dois suspeitos de autoria dos atos, mas mantêm os detalhes em sigilo para não prejudicar os trabalhos.
Além dos cerca de dez policiais civis de Viçosa, na mesma região, que atendem a cidade de Paula Cândido, três investigadores de Juiz de Fora e quatro de Ubá, também na Zona da Mata, se juntaram às apurações. De acordo com o delegado Edvin Otto, responsável pelos inquéritos nessa localidade, quatro capelas foram destruídas em povoados próximos, de março a agosto deste ano. Outros dois delegados de municípios da região – Senador Firmino e Piranga – registraram mais três casos semelhantes no mesmo período.
Ataque. A semelhança entre as ocorrências chama a atenção dos investigadores. Os invasores agem de madrugada, colocam fogo nas capelas e deixam uma cruz feita com sal grosso no local. Geralmente imagens de santos também são quebradas. “Parece um ato de revolta, já que os bandidos fogem sem levar nada das igrejas”, disse o delegado.
O primeiro caso foi registrado em Graminha, distrito de Paula Cândido, em março. A ocorrência seguinte foi em maio, no povoado de Bagaceira, na mesma cidade. Já no início do mês passado, os ataques ocorreram nas comunidades de Nossa Senhora da Vitória e Macuco.
Na mesma época, mais uma capela foi destruída no distrito de Inhambu, ligado à cidade de Porto Firme, também na Zona da Mata. Fábio Luiz Carvalho Moura de Oliveira, delegado da cidade de Piranga, na região Central, que apura esse caso, contou que o modo de ação se repetiu. O espaço usado pela comunidade há mais de 50 anos teve parte do altar incendiada e imagens de santos quebradas. A “assinatura” em forma de cruz com sal grosso também foi deixada no local.
“Tudo vem ocorrendo em um raio de 20 km. Apesar da semelhança (dos crimes), ainda não temos como precisar se houve intolerância religiosa praticada por um mesmo grupo ou atos isolados cometidos por usuários de drogas. Nada é descartado no momento”, ponderou Oliveira.
As outras duas ocorrências foram registradas na comunidade de Guaxupé, em Senador Firmino, na Zona da Mata, e Brás Pires, na região Central. “A hipótese mais forte é de perseguição religiosa”, concluiu o delegado de Viçosa, Edvin Otto.
“Os crimes são semelhantes. Os invasores deixam cruz de sal grosso nas capelas, quebram imagens e não furtam nada. Parece mais ser um crime por revolta religiosa que por motivação patrimonial.”