A incidência do vírus HIV na população de 20 a 34 anos tem crescido em Minas Gerais. O número de novos casos nessa faixa etária aumentou 36,6%, passando de 1.085, em 2012, para 1.483, em 2014. Até o dia 19 de novembro deste ano, foram detectados 1.162 novos portadores do vírus, conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES).
O Estado segue uma tendência nacional. De acordo com o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no ano passado, a taxa de contaminação também aumentou no país entre os homens. Em jovens de 15 a 19 anos, o crescimento foi de 53,2% entre 2004 e 2013. Entre 20 e 24, anos o crescimento foi de 10,3% no mesmo período.
Para médicos, lideranças de grupos de apoio a pessoas com Aids e doentes, é preciso que o governo adote políticas públicas mais eficazes de incentivo à prevenção e também de cuidados às pessoas portadoras do vírus HIV.
“As políticas públicas são muito pontuais. Mesmo com o avanço da medicina, as pessoas com a doença precisam de cuidados. Não basta o remédio”, afirma o publicitário Matheus Henrique da Silva Salvino, 24, que tem o vírus e atua no Grupo Vivher, que presta apoio aos jovens doentes. Ele afirma que os portadores do HIV precisam também de assistência psicológica, alimentação equilibrada e de praticar exercícios físicos regularmente.
“Ter acesso a essa orientação é mais difícil, principalmente para a população mais pobre. Sem esses cuidados, a qualidade de vida dos portadores do HIV fica muito comprometida”, afirma. João*, que tem Aids há 30 anos, sabe a importância dos cuidados. “Sem isso a vida fica mais difícil”, conclui.
Investimento. Nesse contexto, a médica holandesa Irene Adams, idealizadora do Grupo AMMOR, que presta auxílio a pessoas com HIV, considera fundamental o trabalho de Organizações Não Governamentais (ONGs) e instituições que oferecem apoio gratuito aos doentes, além dos remédios fornecidos pelo governo.
“Elas facilitam que as pessoas tenham serviços que não podem conseguir sozinhas. Sem contar que, nesses locais, os doentes terão contato com outras pessoas na mesma situação. Isso as ajuda a conviver melhor com a doença”, ressalta. Segundo Irene, é preciso investir nessas instituições.
Saiba mais
Mortes. De 2012 a 19 de novembro deste ano, 908 pessoas morreram em consequência da Aids em Minas Gerais. Na capital, de 2012 até o dia 25 de novembro passado, foram 482 óbitos.
Doença. O vírus HIV, causador da Aids, ataca o sistema imunológico. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. É alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar se alastrando no organismo.
Sintomas. A doença pode demorar anos para demonstrar sintomas. Alguns deles são: hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer.
Ajuda na capital
Parado. Após 21 anos de atuação, o grupo Vivher praticamente paralisou suas atividades por falta de recursos. No ano passado, o convênio com o Estado, que ajudava na manutenção do espaço, foi encerrado. Agora, eles precisam de apoio para trabalhar. Interessados em ajudar podem acessar o site: vakinha.com.br/vaquinha/volta-vhiver. O apoio psicológico ainda está em andamento.
Projeto AMMOR. Coordenado pela médica holandesa Irene Adams, o projeto também precisa de ajuda financeira. Ele foi criado em 2006 e tem foco no trabalho com pessoas excluídas ou em desvantagem social. Para ajudar, acesse: www.ammor.org.br.