José Alberto de Castro, acusado de participação no assassinato de quatro pessoas, que ficou mais conhecido como como Chacina de Unaí, confessou o crime, em depoimento, na noite desta quinta-feira (29).
O réu começou a ser ouvido às 21h. “O que eu vou fazer aqui hoje é muito difícil. Estou aqui para assumir minha culpa. Eu errei e estou disposto a pagar. O Hugo me falou que o Norberto estava incomodado com o fiscal e queria matar ele”, disse o homem, logo no início da sua fala.
Castro cumpriu o que já havia sido anunciado por seu advogado, Cléber Lopes. “Ele veio aqui para assumir sua responsabilidade e espera ser condenado pelo que fez. Ele não veio pedir clemência”, afirmou o defensor, destacando que agiu apenas como intermediador da chacina.
Até às 22h43, Castro havia contado que indicou Francisco Pinheiro (outro acusado pelo crime, mas que morreu em 2013) a Hugo Pimenta como alguém que poderia fazer o “serviço”. O crime teria sido encomendado por R$ 6.000 e, segundo ele, só ficou sabendo da morte dos outros três pessoas depois.
“Fiquei apavorado. O Hugo tentou me acalmar. Mas passei mal”, disse, ressaltando que cedeu a pressão de Pimenta que foi submisso a ele. Na época do crime, eles trabalhavam juntos há um ano.
O Ministério Público Federal questionou o réu o porque dele não ter feito acordo de delação premiada para reduzir a pena em 2/3. Em reposta, Castro disse que não saber o que fazer.
Só agora ele confessa o crime e é o terceiro réu a falar da participação de Hugo. Mas ele apenas cita Norberto Mânica, e ressalta que não teve contato direto com o fazendeiro. Seu contato seria apenas o Hugo Pimenta. Ao longo do depoimento, Castro chorou por várias vezes.
A estratégia da defesa é fazer com que o réu responda apenas por um homicídio e não pelas quatro mortes. O advogado espera que ele pegue a pena mínima – 12 anos de prisão.
Vídeos
Gravações. Vários vídeos, gravações e leituras do processo foram apresentados. Uma das gravações tentou mostrar que Castro tinha contato com Mânica, e não só com Pimenta.
Estratégias da defesa
Norberto Mânica. A defesa nega qualquer tipo de participação do fazendeiro na morte dos auditores fiscais. A tese defendida pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, é de que o empresário Hugo Pimenta é quem teria sido o mandante do crime. Ele afirma que, retirando as delações feitas pelos outros réus do caso, não há provas que incriminem o fazendeiro.
José Alberto Castro. O empresário deverá confessar seu envolvimento como intermediador para a contratação dos pistoleiros. Porém, a defesa afirma que ele só participou da morte de Nelson José da Silva, e não sabia que os pistoleiros iriam matar outras três pessoas. O réu deverá dizer que fez a contratação dos assassinos a pedido de Hugo Pimenta. A expectativa dos advogados é que ele pegue a pena mínima de 12 anos de prisão.
Hugo Pimenta. Fez acordo de delação premiada com o MPF. Nega que tenha sido o intermediador para a contratação dos pistoleiros, embora assuma que sabia de tudo. Segundo o empresário, foi Norberto Mânica quem pediu o José Alberto Castro que contratasse pistoleiros para matar Silva. Afirma que Castro repassou a ordem de Norberto aos pistoleiros para matar todas as pessoas que estivessem com o auditor fiscal na hora do crime.
Antério Mânica. Apontado como outro mandante da chacina, nega que tenha tido qualquer participação no crime e afirma que não sabia de nada antes dos assassinatos. Será julgado na próxima terça-feira.
Almoço de réu causa tumulto
Norberto Mânica, acusado de ser o mandante da Chacina de Unaí, saiu para almoçar durante o intervalo do terceiro dia do julgamento do crime e causou tumulto pelas ruas do bairro Santo Agostinho, no Centro-Sul de BH. Ele andou 200 metros até um restaurante próximo.
Uma pessoa o reconheceu na rua e gritou “bandido”. Seu advogado ironizou a situação. “Fiz ele passar por esse constrangimento para vocês (imprensa) terem fotos novas”, disse Kakay.
Atualizada às 22h57.