Um jovem de 20 anos foi baleado e morto por policiais militares, que monitoravam um ponto de tráfico de drogas, no Aglomerado da Serra, no bairro São Lucas, região Centro-Sul de Belo Horizonte, na madrugada desta segunda-feira (17).
André Pereira da Silva chegou a ser socorrido pelos policiais, ainda com vida, para Hospital João XXIII, onde passou por cirurgia na região do abdômen. Ele não resistiu ao ferimento e morreu durante a manhã.
O fato aconteceu por volta das 4h, na rua Caraça. Segundo informações do boletim de ocorrência, a PM realizava o acompanhamento de um ponto de tráfico de drogas, quando dois homens se aproximaram e um deles apontou uma arma para os militares. Como ele não obedeceu a ordem de abaixar a arma, os policiais atiraram três vezes e a dupla fugiu. Silva foi atingido pelos tiros e foi encontrado caído desacordado.
Com ele, a PM apreendeu uma pistola 9 mm, 16 pinos de cocaína, cinco buchas de maconha, uma folha de cheque no valor de R$ 60 e R$ 458 em dinheiro, além de um rádio transmissor. Nenhum policial se feriu.
"Falaram que ele estava com drogas e trocando tiros com a polícia. Por mais que estivesse errado, os policiais não tinham o direito de matar meu filho", disse a mãe da vítima, a costureira e cozinheira Ana Paula Pereira, 36.
Silva era o segundo filho de quatro e deixa mulher e uma filha de 1 ano e 5 meses. A família desconhece o envolvimento dele com o tráfico de drogas.
Conforme informou a assessoria de imprensa da Polícia Civil, como as investigações estão no início, não será divulgado se o jovem tinha algum antecedente criminal.
Denúncia
“Fiquei sabendo que pegaram ele vivo, colocaram na viatura e começaram a rodar na favela. Só depois que trouxeram para o hospital. Se o André tinha arma e droga, sei que ele estava errado, mas não precisava fazer isso. Perdi meu filho por sacanagem de ‘polícia covarde’”, acusou a mãe.
O tenente-coronel Webster Souza, comandante do 22º Batalhão, negou que os policiais tenham rodado com Silva ferido pelo aglomerado. “Isso não procede. Inclusive, foi uma viatura de apoio que levou o André até o hospital. Nós entendemos a dor da mãe, mas não teria motivo para que demorasse no socorro médico”, explicou.
Ainda conforme o policial, o jovem era conhecido na região por vender drogas na área e fazer a escolta do beco em que a abordagem foi realizada.
“O militar que efetuou o disparo chegou a ser preso em flagrante, mas ficou comprovado que foi uma ação legítima de defesa. Ele volta a trabalhar, mas todos os fatos serão apurados”, finalizou. As armas dos três militares que estavam na ocorrência foram recolhidas e um procedimento interno aberto, que será acompanhado pela corregedoria da corporação.
Atualizada às 17h27