Aedes aegypti

Lixo na rua favorece a dengue 

Em pouco mais de um mês, mutirões da prefeitura de BH recolheram 700 toneladas de sujeira

Por Danilo Emerich
Publicado em 09 de fevereiro de 2016 | 04:00
 
 
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Em pouco mais de um mês, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mobilizou 28 mutirões de limpeza contra o mosquito Aedes aegypti na capital, vistoriando mais de 50 mil imóveis e retirando mais de 700 toneladas de lixo das ruas. Ainda assim, bota-foras clandestinos se proliferam pela cidade, criando condições ideais para o mosquito transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus, doença que tem promovido efeitos devastadores pelo país.

Em uma rápida volta pelas regiões Leste e Nordeste da capital mineira, a reportagem encontrou diversos locais de descarte de lixo. Alguns dos pontos já são velhos conhecidos da PBH, mas ainda assim, a população insiste em abandonar e descartar objetos nas áreas. Somente nos últimos mutirões da prefeitura nas duas regiões, foram 13.684 toneladas de material recolhido.

Na esquina das ruas Itajubá e São Jerônimo, no bairro Sagrada Família, região Leste, lixo e alimentos descartados se amontoam no local, atraindo além do mosquito transmissor das doenças, outros vetores como ratos. Até uma geladeira e partes de bicicletas foram descartadas no passeio.

Cenário parecido também é encontrado na esquina da rua José Moreira Barbosa com avenida José Cândido da Silveira e no cruzamento das ruas Delegado Paulo Olegário com Luísa Batista Guedes, ambos os pontos no bairro Ipê, na região Nordeste.

No primeiro local, um grande terreno, mesmo cercado, está repleto de embalagens e recipientes plásticos, muitos deles com água parada e com focos do mosquito. No segundo terreno, o mato com mais de três metros de altura encobre móveis velhos descartados e outros objetos que facilmente acumulam água.

Intervenção. Vizinho do lote nas ruas Delegado Paulo Olegário com Luísa Batista Guedes, o autônomo Júlio César Barretos Silva, 43, diz que ligou para a prefeitura em dezembro do ano passado pedindo a intervenção para a limpeza, mas não houve um retorno.

No dia em que a reportagem visitou o local, um agente de saúde passou na casa do autônomo e não encontrou nenhum criadouro do mosquito. Porém, o morador diz que o esforço pode ser em vão devido ao lote vizinho, que está imundo. “Minha mãe está doente e não pode correr o risco de contrair outra doença. Busco fazer minha parte e tento alertar os vizinhos”, diz.

Educação. Outra moradora do bairro Ipê, a professora Flávia de Souza, 34, diz que o problema do lixo espalhado se repete em toda a cidade e é causado pela falta de educação da população. “É preciso maior cuidado e maior conscientização”, afirma ela.

Em nota, a Administração Regional Leste informou que enviaria uma equipe para vistoriar a área no bairro Sagrada Família. Já a Administração Regional Nordeste informou que a primeira área relatada é particular e faz acompanhamento quinzenal do local. Uma visita seria feita na véspera do Carnaval. Já o outro terreno também seria vistoriado por uma equipe, mas sem data ainda agendada.

Estrutura

Equipe. BH conta com cerca de 2.400 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e cerca de 1.500 Agentes de Combate a Endemias (ACE) - dentre agentes de campo e supervisores de equipes.

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