Balanço

Minas tem quase cinco vezes mais vigias do que militares

São 44 mil PMs no Estado contra 213 mil profissionais que são contratados para dar mais segurança

Por Luiza Muzzi
Publicado em 01 de novembro de 2014 | 04:00
 
 
 
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A crescente violência que vem atingindo especialmente os grandes centros tem levado moradores e comerciantes a recorrerem, cada vez mais, à vigilância privada. Acometidos por forte sensação de insegurança, muitos alegam que grades e câmeras já não bastam mais, daí a procura por serviços particulares em todo o país. Em Minas, a quantidade de vigilantes registrados pela Polícia Federal (PF) já ultrapassa os 213 mil, número quase cinco vezes maior que os 44 mil policiais militares em atuação no Estado.


Na capital, a discrepância se repete. Segundo a PF, existem, hoje, 56.717 vigilantes, quatro vezes mais que o efetivo de 13,9 mil militares trabalhando na cidade, levando em conta os 1.900 em formação que serão distribuídos, a partir do dia 14 deste mês, para batalhões da região metropolitana.

“O sentimento de insegurança faz com que cidadãos comuns tenham que se organizar para prover a segurança que infelizmente o poder público não está conseguindo oferecer”, afirma o diretor da associação de um condomínio residencial de Nova Lima, na região metropolitana, que pediu para não ser identificado.

Segundo ele, a demanda pela contratação do serviço privado no local veio dos próprios moradores, que sentiram a necessidade de ter, além dos equipamentos tecnológicos, profissionais para garantir a segurança de suas casas. “Há 14 anos temos um bom contingente de profissionais, e tem dado certo”.

Em Minas, a lei estadual 20.533, de dezembro de 2012, estipula um efetivo de 51.669 policiais militares até 2015. Atualmente, porém, são 44 mil em atuação. “O efetivo que temos hoje atende o básico e não deixa a desejar, mas, na realidade, quanto mais, melhor”, afirmou o major Sérgio Dourado, assessor de imprensa da Polícia Militar (PM).

Apesar da avaliação da PM, o aumento do efetivo policial foi um dos temas levantados pelos candidatos ao governo de Minas nos últimos meses. Fernando Pimentel, eleito governador no primeiro turno, prometeu, durante a campanha, aumentar em 12 mil o número de militares no Estado.

Análise. Pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ludmila Ribeiro explica que a Organização das Nações Unidas (ONU) não estipula nenhuma recomendação de quantidade ideal de policiais sobre o número de habitantes de uma localidade, justamente porque cada cidade tem uma realidade específica.

Para Ludmila, mais do que suprir o déficit, o importante é aprimorar o trabalho que já existe. “O que deveria ser melhorado, e muito, é a gestão dos policiais em relação à forma como se distribuem no território e à escala de serviços. São pequenas medidas administrativas que poderiam potencializar o efetivo e os recursos já existentes”.

Saiba mais
De olho
. Há um ano, O TEMPO mostrou que a capital tinha cerca de 155 mil câmeras de segurança particulares – uma para cada 16 habitantes –, segundo estimativa do Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança de Minas.

Saiba mais
Porte de arma
. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal, embora todo vigia seja treinado para usar armas, o seu porte dependerá da empresa em que trabalhará, pois ela detém documento autorizando o uso.

Limitação. Ainda de acordo com a PF, o vigia só pode portar arma de fogo exclusivamente quando estiver em serviço, dentro do perímetro privado da propriedade protegida, sendo a arma registrada em nome da empresa de segurança privada previamente autorizada pela polícia.

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