A crescente violência que vem atingindo especialmente os grandes centros tem levado moradores e comerciantes a recorrerem, cada vez mais, à vigilância privada. Acometidos por forte sensação de insegurança, muitos alegam que grades e câmeras já não bastam mais, daí a procura por serviços particulares em todo o país. Em Minas, a quantidade de vigilantes registrados pela Polícia Federal (PF) já ultrapassa os 213 mil, número quase cinco vezes maior que os 44 mil policiais militares em atuação no Estado.
Na capital, a discrepância se repete. Segundo a PF, existem, hoje, 56.717 vigilantes, quatro vezes mais que o efetivo de 13,9 mil militares trabalhando na cidade, levando em conta os 1.900 em formação que serão distribuídos, a partir do dia 14 deste mês, para batalhões da região metropolitana.
“O sentimento de insegurança faz com que cidadãos comuns tenham que se organizar para prover a segurança que infelizmente o poder público não está conseguindo oferecer”, afirma o diretor da associação de um condomínio residencial de Nova Lima, na região metropolitana, que pediu para não ser identificado.
Segundo ele, a demanda pela contratação do serviço privado no local veio dos próprios moradores, que sentiram a necessidade de ter, além dos equipamentos tecnológicos, profissionais para garantir a segurança de suas casas. “Há 14 anos temos um bom contingente de profissionais, e tem dado certo”.
Em Minas, a lei estadual 20.533, de dezembro de 2012, estipula um efetivo de 51.669 policiais militares até 2015. Atualmente, porém, são 44 mil em atuação. “O efetivo que temos hoje atende o básico e não deixa a desejar, mas, na realidade, quanto mais, melhor”, afirmou o major Sérgio Dourado, assessor de imprensa da Polícia Militar (PM).
Apesar da avaliação da PM, o aumento do efetivo policial foi um dos temas levantados pelos candidatos ao governo de Minas nos últimos meses. Fernando Pimentel, eleito governador no primeiro turno, prometeu, durante a campanha, aumentar em 12 mil o número de militares no Estado.
Análise. Pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ludmila Ribeiro explica que a Organização das Nações Unidas (ONU) não estipula nenhuma recomendação de quantidade ideal de policiais sobre o número de habitantes de uma localidade, justamente porque cada cidade tem uma realidade específica.
Para Ludmila, mais do que suprir o déficit, o importante é aprimorar o trabalho que já existe. “O que deveria ser melhorado, e muito, é a gestão dos policiais em relação à forma como se distribuem no território e à escala de serviços. São pequenas medidas administrativas que poderiam potencializar o efetivo e os recursos já existentes”.
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De olho. Há um ano, O TEMPO mostrou que a capital tinha cerca de 155 mil câmeras de segurança particulares – uma para cada 16 habitantes –, segundo estimativa do Sindicato das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança de Minas.
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Porte de arma. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal, embora todo vigia seja treinado para usar armas, o seu porte dependerá da empresa em que trabalhará, pois ela detém documento autorizando o uso.
Limitação. Ainda de acordo com a PF, o vigia só pode portar arma de fogo exclusivamente quando estiver em serviço, dentro do perímetro privado da propriedade protegida, sendo a arma registrada em nome da empresa de segurança privada previamente autorizada pela polícia.