Moradores de rua foram abordados por funcionários da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e da Polícia Militar (PM), na manhã desta quarta-feira (11), na região da Savassi, segundo comerciantes. Pessoas que estavam nas proximidades teriam se posicionado contra as autoridades, que deixaram o local.
A reportagem de O TEMPO esteve no cruzamento entre as ruas Alagoas e Inconfidentes e ouviu moradores de rua que confirmaram a abordagem. Eles relataram que tiveram roupas e comidas recolhidas. Assustado, o grupo deixou o local que fazia de moradia.
"Eles chegaram aqui cedo, falaram que a rua estava toda bagunçada e que a gente não podia fazer isso, porque é um espaço público. Pegaram as minhas coisas, mas não deixei levar, e ficaram com a comida e papelões. E falaram que se eu fizer bagunça iriam pegar tudo", contou a moradora de rua Jéssica Silva, 35.
De acordo com um comerciante, que pediu anonimato, os moradores de rua resistiram à ação e fiscais da PBH, agentes da Guarda Municipal e PMs deixaram o local, mas prometeram retornar.
A assessoria da Regional Centro-Sul da PBH confirmou que houve uma ação de desobstrução da via com acompanhamento da PM. Segundo a coordenadora do Comitê de Politicas para a População de Rua da Secretaria de Políticas Sociais da PBH, Soraya Romina, as ações são rotineiras em toda a cidade e estão previstas em uma instrução normativa publicada em dezembro do ano passado. "A ação visa exclusivamente assegurar que os espaços públicos estejam disponíveis a toda a coletividade. O direto de ir e vir e estar nas ruas é inquestionável, porque está previsto constitucionalmente. Mas não podemos permitir que o espaço público seja ocupado de maneira irregular, ocupado de maneira particular", explicou.
Além disso, Soraya informou que a PBH não faz nenhum recolhimento compulsório de pessoas. "Pessoas em situação de rua não podem construir uma maloca. Mas os pertences particulares não são alvo de recolhimento da prefeitura. Por exemplo, mochilas, documentos, colchonetes, materiais para a sobrevivência não são recolhidos, mas um sofá, uma cama na rua são apreendidos".
De acordo com a prefeitura, toda a ação é planejada e mapeada para que a gestão do espaço público seja feita. "As pessoas são tratadas com absoluto respeito e nenhuma ação truculenta faz parte da abordagem. Ainda, não há a orientação para que (os moradores de rua) saiam. Eles podem ficar, mas sem obstruir", finalizou.