um ano depois

Moradores e familiares protestam no local da queda do viaduto

Grupo luta para que a tragédia que deixou dois mortos e 23 feridos não caia no esquecimento da população e das autoridades

Por Isabela Meireles/ Nathália Lacerda
Publicado em 03 de julho de 2015 | 18:34
 
 
 
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Moradores e familiares das vítimas da queda do viaduto Batalha dos Guararapes fizeram uma manifestação para exigir que as autoridades não se esqueçam da tragédia. A estrutura, que ficava na avenida Pedro I, na região de Venda Nova, caiu um ano atrás.

Na queda, atingiu o micro-ônibus dirigido por Hanna Cristina dos Santos, de 24 anos e o Fiat Uno conduzido por Charlys Frederico Moreira do Nascimento, de 25. 

Com cartazes e balões pretos e brancos, eles manifestaram em frente aos prédios Antares e Savana, que também foram afetados pela queda da estrutura. A mãe de Hanna, Analina Soares Santos disse estar triste e desesperançosa com relação à punição dos culpados.

Pela primeira vez no local, desde a tragédia, ela não consegue segurar a emoção e a saudade da filha. "Essa data, para mim, é como reviver tudo de novo. Eu fiz questão de vir até o local", ressalta. "É muita dor que nunca vai passar. Eu não espero nada. Infelizmente no nosso país não há justiça", lamentou.

Colega de profissão de Hanna, o motorista de ônibus Edson Pereira Bitarães, de 59 anos, também se diz emocionado. Bitarães relata que depois do dia 3 de julho de 2014 ele e seus companheiros ainda sentem receio de passar pelos viadutos da cidade.

"Depois que o viaduto caiu, a gente passa por baixo dos outros viadutos com medo. Eu por exemplo não paro embaixo dessas estruturas. Viemos em solidariedade à família da Hanna, que até hoje deixa saudade", revela.

Os moradores também se mostram inseguros e pedem que tragédia seja tratada como crime de homicídio de dolo eventual. Após decisão do promotor Marcelo Mattar, à frente do processo penal, de denunciar os responsáveis pelo crime de desabamento, e não por homicídio, aumentou a sensação de impunidade.

Eles pedem punição para os 19 indiciados pelo acidente, todos funcionários da construtora Cowan, da projetista Consol e da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

"Com essa manifestação esperamos uma mudança na postura dos políticos com a gestão do dinheiro público. Essa obra é um legado que não tem nada a ver com o padrão Fifa", afirma a presidente da Associação de Moradores e Lojistas da avenida Pedro I, Ana Cristina Drumond.

Em apoio, a presidente da Associação de Moradores do Planalto Magali Ferraz Trindade também participou do protesto e se solidarizou com as vítimas. "Estou aqui em solidariedade às famílias das vítimas, desse acidente que trouxe muito transtorno para nós, uma tristeza muito grande. Onde houver um problema na nossa região estaremos presentes", afirmou.

O protesto dos moradores e familiares aconteceu em frente aos prédios Antares e Savana, no sentido centro, da avenida. Pedro I. Segundo a Associação de Moradores da Pedro I, 100 pessoas participaram das manifestações ao longo do dia.

Sem indenização

A aposentada Elva Ross, de 71 anos, é uma das moradores afetadas pelas obras do viaduto, que ainda não receberam indenização. O apartamento em que ela morava foi desapropriado em novembro de 2013 e, desde então, ela aguarda o pagamento de R$ 189 mil em indenização.

Após morar na casa de uma amiga durante um ano, Ross agora vive em um apartamento de um quarto e paga R$ 600, 00 em aluguel. "Desde quando houve a queda do viaduto, fiquei solidária às famílias. Qualquer manifestação que tiver eu estou dentro. Eu não fui uma vítima direta da queda. Mas, a obra também me trouxe prejuízo. Eu pensei que fosse morrer naquele apartamento", conta a idosa.
 

Atualizada às 20h40

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