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Mostra LGBT em BH sofre com protestos semelhantes aos da 'Queermuseu'

Artistas se reuniram para tratar de questões relacionadas ao público LGBT (Lésbicas, Gays, Bis e Transexuais); o evento será inaugurado às 19h desta segunda no Centro Cultural de Venda Nova

Por Natália Oliveira
Publicado em 18 de setembro de 2017 | 14:29
 
 
 
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Após o cancelamento da exposição “Queermuseu: Cartografias da Diferença” em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, diante de protestos, artistas de Belo Horizonte temem que o cenário se repita na exposição "D.I.V.E.R.S.A" que será aberta em Venda Nova, às 19h desta segunda-feira (18). Assim como a Queermuseu, a "D.I.V.E.R.S.A" trata de questões relacionadas ao público LGBT (Lésbicas, Gays, Bis e Transexuais). O evento ainda nem começou e internautas começaram a fazer críticas e se posicionar contrários à exposição.

Pelo evento criado na PÁGINA do Facebook, usuários da rede social disseram que irão ao Centro Cultural de Venda Nova no Bairro Novo Letícia com suas bíblias para protestar contra o evento. Outros usuários avaliaram a página do centro cultural mal dizendo que a exposição é “desrespeitosa e que e fere o princípio da família”. 

“Estamos preocupados com essas postagens. A exposição ainda nem foi aberta, as pessoas ainda nem viram o que tem lá e já estão reclamando e sendo preconceituosas. Estamos com receio que isso tome uma proporção maior e acaba inviabilizando essa mostra que é tão importante”, lamentou a artista plástica e mulher trans Heffy-Farôl, que expõe ilustrações e uma instalação durante a mostra.

Segundo Heffy a mostra tem o objetivo de ser algo alegre e festivo e ao mesmo tempo mostrar os conflitos, as dificuldades e também a libertação de ser trans. “Nós sabíamos que seria polêmico, tivemos recentemente o exemplo da Queermuseu, que acabou cancelada. As pessoas precisam entender que é um evento de arte e de alegria e que nós estamos falando de pessoas em geral”, explica.

Pelo Facebook, o evento da exposição tem 83 pessoas confirmadas e 252 interessadas em comparecer. Na postagem em que o homem diz que vai para o evento com a bíblia ele é convidado por um participante do evento a ir e levar a família. O participante diz que ele será respeitado. O público e os artistas pretendem resistir aos movimentos contrários e manter a mostra.

“Apesar de tantos contras, estamos levando a população a refletir sobre um tema tão latente quanto a população LGBTs. Estamos na periferia de BH, Venda Nova, fazendo arte, arte LGBTs. Lutando, mesmo sem verba, sem nenhum tipo de apoio”, ressalta Heffy.

Dentro da mostra estão previstas exposições tratando da moda  sob a perspectiva da identidade de gênero, o quanto pode ser tortuoso, conflitante, mas também libertador e feliz o ser trans; haverá também roda de conversa com uma reflexão sobre os direitos LGTB e as perdas desses direitos; será exibido um filme e comentado, além de oficina de literatura e uma festa de encerramento.  A exposição vai até o dia 23 de setembro.  Heffy ressalta que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo e por isso é tão importante tratar do tema.

Para saber mais sobre o evento CLIQUE AQUI.

A "Queermuseu"

A exposição "Queermuseu" foi cancelada em Porto Alegre, após manifestantes contrários a mostra postarem nas redes sociais criticando o evento. O Santander, que patrocinava a exposição, preferiu cancelar a mostra. Depois do cancelamento o secretário de Cultura de Belo Horizonte, Juca Ferreira,  chegou a cogitar a possibilidade da Queermuseu vir para a capital mineira, mas essa possibilidade foi afastada pelo prefeito Alexandre Kallil.

 

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