Via Expressa

Mulher de 60 anos confessa ter matado dois companheiros em Contagem

Suspeita estaria sendo chantageada por um parente, que exigia dinheiro para não entregá-la; investigação começou há dez dias

Por Fernanda Viegas e Bruna Carmona
Publicado em 19 de novembro de 2014 | 12:56
 
 
 
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Uma dona de casa de 60 anos é suspeita de matar os dois homens com quem se relacionou nos últimos oito anos e esconder os corpos, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. No início de novembro, Maria das Virgens procurou a 2ª Delegacia de Contagem para confessar os casos porque estaria sendo chantageada por um parente que descobriu os crimes. De lá, foi encaminhada à 7ª Delegacia de Homicídios de Contagem, onde contou sobre as mortes e indicou os locais em que estava enterrados os corpos, com riqueza de detalhes.

A ossada que seria do segundo companheiro de Maria, com quem ela se relacionou há 4 anos, foi encontrada na avenida Adutora Várzea das Flores, no bairro São Luiz, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, por uma equipe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na manhã desta quarta-feira (19). O corpo do outro homem ainda não foi resgatado.

De acordo com o delegado Alex Machado, que está a frente do caso, o primeiro crime aconteceu há oito anos. Na época, Maria tinha um relacionamento com um homem chamado Osvaldo que, segundo ela, era ex-policial militar da cavalaria da corporação. "Maria contou que Osvaldo era um homem violento e agressivo. Um certo dia, Osvaldo teria 'jogado' um neto do casal contra um monte de areia. Em meio a confusão, o filho da Maria, que não era filho do Osvaldo, Marco Antônio, presenciou a cena e discutiu com Osvaldo que, irritado, ameaçou matar o Marco Antônio", disse o delegado.

Ela contou que Osvaldo saiu para buscar uma arma de fogo e quando voltou, Marco Antônio havia fugido de casa, pois estava com medo. Cansado de esperar, Osvaldo foi dormir, mas Maria, muito preocupada, ficou acordada esperando o filho voltar para casa. Com medo de que o companheiro pudesse matar seu filho, Maria foi até um armário, buscou um revólver calibre 38 - de propriedade do ex-policial - e atirou na cabeça dele. "Após atirar, Maria arrastou o corpo de Osvaldo até o terreiro. Percebendo que ele ainda estava vivo, ela pegou uma inchada e deu vários golpes nele. Em seguida, chamou o Marco Antônio para que ele fizesse um buraco no terreiro e juntos, eles enterraram o corpo", contou o delegado.

Segundo crime

Depois de matar o companheiro, Maria vendeu o sítio onde morava e comprou um terreno às margens da Via Expressa, onde montou um ferro velho. Algum tempo depois, ela conheceu um homem chamado Eurípides, com quem iniciou um relacionamento.

Segundo o delegado, Maria contou que Eurípides tinha uma investigação de paternidade e pensão alimentícia contra ele e que, por isso, pediu que ela vendesse tudo o que tinha e lhe entregasse a quantia de R$ 80 mil.

“A Maria nos contou que colocou o imóvel na imobiliária para que fosse vendido. Porém, o Eurípides continuou pressionando-a. Neste período, ele descobriu que um dos filhos de Maria, que era casado, tinha um relacionamento extraconjugal e começou a ameaçar contar tudo para a esposa e família caso Maria não arrumasse logo o dinheiro”, disse Machado.

De acordo com o delegado, Marco Antônio - filho Maria - também discutiu com Eurípides e chegou a a entrar em luta corporal com ele. “Segundo Maria, Eurípides armou-se com uma ‘machadinha’ e tentou golpear o Marco Antônio. Então, para defender o filho, Maria pegou uma marreta que estava próxima a janela da casa e deferiu golpes contra a cabeça de Eurípides”, contou Machado.

O corpo foi enterrado em um buraco nos fundo da casa. “A ossada de Euripides foi encontrada nesta quarta, o que confirma as versões de Maria. Esse último homicídio foi cometido há 4 anos”, explicou o delegado.

Confissão

A chantagem de um parente que descobriu os crimes e exigia dinheiro para não entregá-la à polícia fez com que Maria confessasse os crimes. "Além disso, ela contou ainda que há 2 anos o seu filho, Marco Antônio, morreu vítima de um acidente de trânsito e que, após esse incidente, ela teria entrado em depressão e como não tinha mais 'nada a perder', queria se livrar de todas as coisas ruins do passado", disse o delegado.

Investigação

Apesar de ter confessado os crimes, Maria das Virgens não está presa, porque não houve flagrante. Além disso, segundo o delegado, ela está contribuindo com a apuração do caso.

"Antes desses episódios, Maria havia sido legalmente casada. Segundo informações, o marido legitimo teria suicidado, mas sobre isso ela não quis falar. Após encerramos as investigações sobre o segundo cadáver, que ainda não foi localizado, nós iremos fazer um levantamento minucioso sobre a vida pregressa dela para ver se existe qualquer relação criminosa nessa morte também", disse o Machado.

Em depoimento, Maria disse que não se arrepende de ter matado Osvaldo, há oito anos. “Ela conta que não se arrepende do primeiro crime, pois Osvaldo era um homem muito mau, já do segundo se arrepende, pois Eurípedes era um homem bom”, disse o delegado.

Atualizada às 19h46.

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