Nos primeiros 16 dias do mês de outubro, Minas Gerais já registrou 3.408 focos de incêndios – pior resultado desde 2002, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a fazer o rastreamento por radar. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve 664 queimadas, o crescimento chegou a 413%. A principal causa para o aumento é o prolongamento do período de seca, somado às altas temperaturas, à baixa umidade do ar e à intervenção humana.
Somente nesta quinta, havia 864 focos de incêndios em Minas. O Estado lidera essa estatística no país e, sozinho, é responsável por 24% de todas as queimadas do Brasil. Os dados exemplificam um dos piores períodos de estiagem já vividos pela região Sudeste.
O biólogo da Associação Mineira em Defesa do Ambiente (Amda) Francisco Mourão demonstra preocupação com a alteração climática dos últimos anos. “Estamos observando uma redução no volume de chuva, mas o maior problema é uma alteração no padrão de distribuição dessa precipitação. Estamos tendo muita chuva em um único mês e períodos mais longos de estiagem. Foi assim no período chuvoso passado, quando choveu bastante em dezembro, mas quase não houve chuva significativa em janeiro e fevereiro”, explicou.
Apesar de destacar a situação do clima, Mourão alerta para a contribuição da ação do homem para o aumento dos focos de incêndio. Segundo ele, hábitos de queimar vegetação para renovar pastos, fazer a limpeza de lotes ou mesmo colocar fogo em lixo persistem e não há uma campanha educativa intensa para reverter essa situação.
O biólogo afirma que, no último domingo, Dia de Nossa Senhora Aparecida, vários incêndios começaram em função dos fogos de artifício. “O incêndio que combatemos na serra do Rola-Moça começou por causa de um foguete. Foi isso também que provocou a queimada em Rio Manso e em outras cidades de Minas. É preciso mais investimentos em campanhas educativas e também em equipamentos de prevenção nos parques”.
Previsão. No Estado, a situação não deve melhorar até o fim deste mês. O calor, que já bateu recorde nesta semana em Minas, vai aumentar nos próximos dias, segundo os meteorologistas. Nessa quarta, a capital registrou a temperatura mais alta do ano: 36,2°C. Hoje, os termômetros podem chegar a 34°C.
“No fim de semana, a temperatura máxima deve ser de 36°C. Já na segunda-feira, é provável que a temperatura chegue a 37°C, bem próximo da maior temperatura máxima já registrada na história da capital, que foi de 37,1°C, em outubro de 2012”, afirmou Heriberto dos Anjos, meteorologista do Instituto de Climatologia TempoClima Puc Minas.
Chuvas significativas na capital mineira só devem ocorrer em novembro. A previsão é que outubro termine como um dos mais secos da história do Estado.
Brigadista
Boletim. José Ferreira, 49, que teve 40% do corpo queimado no combate a incêndio em Carrancas, no Sul, segue internado em estado gravíssimo no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na capital.