Em 11 dias, o número de casos confirmados de H1N1 em Minas subiu 178%, passando de 19 para 53. Já o número de mortes cresceu 200%. Eram quatro em 14 de abril, e agora são 12, três vezes mais, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde, que ainda não contabiliza dois óbitos registrados em Belo Horizonte e pode ter deixado de fora outras pelo interior. Nesse cenário crescente da doença, começou nesta segunda, na capital, a vacinação para o grupo de risco. A demanda foi alta nos postos de saúde, seguindo o exemplo de cidades do Sul de Minas e do Triângulo que iniciaram a campanha na primeira quinzena de abril e esgotaram as doses.
A reportagem de O TEMPO percorreu quatro dos 147 postos de saúde de Belo Horizonte, e todos eles estavam lotados, com filas virando quarteirão. A notícia das mortes provocadas pela doença preocupa a população. A aposentada Angélica Sartori, 67, foi tomar a vacina pela primeira vez. “Eu sempre fui resistente a vacinar. Só que, diante desse tanto de casos e do perigo dessa doença, resolvi tomar. Espero que dê resultado e que eu fique livre disso”, explicou. Na capital, já foram 300 notificações da Síndrome Respiratória Grave (SRAG), complicação da gripe, sendo 15 casos já confirmados, com quatro mortes – duas por H1N1 e duas por outros tipos de Influenza.
A expectativa na capital é vacinar 669 mil pessoas do grupo de risco, formado por crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes e mulheres com até 45 dias após o parto, trabalhadores da saúde, população privada de liberdade e pessoas com doenças crônicas.
Para atender a demanda, foram contratados 200 enfermeiros, mas apenas 50% das vacinas previstas foram disponibilizadas pelo governo federal. “É uma situação normal, pois elas vão chegando no decorrer da campanha. A gente não espera que haja falta das doses em nenhum dos dias, e a população pode ficar tranquila porque haverá vacina para todos do público-alvo”, garantiu a gerente de vigilância em saúde da prefeitura, Maria Tereza da Costa.
Porém, se o ritmo de vacinação seguir o do Sul de Minas e o do Triângulo, primeiras regiões a registrarem casos de H1N1 neste ano em Minas, o primeiro lote de vacina vai durar pouco. Em ao menos cinco cidades, as doses acabaram, e há município que já alcançou a meta de vacinação.
Conforme o Estado, 40% das doses (2,2 milhões) já foram entregues. Até o fim desta semana, Minas deve receber outras 260 mil vacinas do Ministério da Saúde para distribuição aos municípios. A meta é vacinar 4,9 milhões de pessoas, 80% do público-alvo.
Ano anterior
Meta. Ao contrário deste ano, em 2015 foi preciso prorrogar por mais de uma vez a campanha de vacinação contra a gripe para que o Estado atingisse a meta de 80% do público-alvo imunizado.
Virologista defende cautela na análise dos dados da gripe
São Paulo. A memória da epidemia de 2009 faz com que a população se preocupe mais com o vírus da gripe H1N1, mas os dados disponíveis até o momento não indicam uma situação atípica neste ano, segundo a virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz, referência nacional para análise de casos de gripe.
Segundo ela, a circulação do vírus chamou atenção por ocorrer mais cedo que o esperado, mas não é a primeira vez que isso ocorre.
“Em 2013, também houve forte circulação no Sul e no Sudeste, segundo o Ministério da Saúde, e a epidemia começou um mês mais cedo. É preciso ter mais dados para entender se a situação será diferente dos anos anteriores”, ressalva. Além disso, análises em amostras de pacientes apontam que o vírus H1N1 não teve mudanças significativas nos últimos anos. “Não há novo subtipo circulando. É o mesmo”, afirma.
Serviço
Horário da vacina. Apesar de os postos de saúde de Belo Horizonte abrirem às 8h, a vacinação ocorre entre 9h e 17h, de segunda a sexta-feira.
Sábado. A exceção é o Dia D, um grande mutirão programado para este sábado pelo governo federal. No caso de Belo Horizonte, serão mais de 2.000 funcionários disponibilizados para o atendimento em todos os postos de saúde e outros pontos de vacinação que serão montados na cidade.
Campo Belo pode pedir doses extras
Em Campo Belo, no Sul de Minas, a meta de vacinação já está praticamente cumprida. Em 15 dias, 12,5 mil pessoas foram imunizadas, mil a menos que o total do público-alvo. Como restam poucas doses e a procura ainda é alta, a cidade estuda fazer o pedido de novas doses ao Ministério da Saúde.
“A procura está muito maior que nos anos anteriores. A população se assustou. Aqui na cidade já foram três mortes por H1N1”, disse Lalene Magri, enfermeira de vigilância epidemiológica da cidade.
Em Varginha, no Sul de Minas, em apenas três dias de vacinação, as 9.000 doses do primeiro lote esgotaram – o montante representa 40% do público-alvo da cidade. O segundo lote deve chegar até o fim da semana. Já em Andradas, também no Sul, já foram aplicadas 4.000 vacinas, a meta inicial de vacinação. A prefeitura espera receber mais 1.800 doses para o Dia D, no sábado.
Flash
Uberaba. Nos três primeiros dias de vacinação na cidade do Triângulo, 29 mil pessoas foram imunizadas. Nesta segunda, muitas unidades de saúde já ficaram sem vacina e desde a semana passada a prefeitura solicitou um novo lote