Capital

Orla da lagoa da Pampulha devia ser evitada, avalia infectologista

Morador da região é um dos dois pacientes com suspeita de febre maculosa que chegaram a hospital

Por Ana Paula Pedrosa
Publicado em 24 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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A região da orla da lagoa da Pampulha, região onde foram contraídos os dois casos de febre maculosa já confirmados em Belo Horizonte, devia ser evitada pela população. A avaliação é do presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, que considera o número de registros “suficiente para alerta”. “Não existe parâmetro para definir um surto de febre maculosa. Poucos casos já devem servir de alerta, porque estávamos em uma situação de zero casos (em 2015)”, disse.

A situação fica ainda mais grave porque outros dois pacientes com suspeita de febre maculosa chegaram ao Hospital Eduardo de Menezes, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte. Um deles, de 48 anos, é morador da Pampulha, mas não relatou passeios pela orla ou pelo Parque Ecológico. Ele foi hospitalizado ontem. O outro, de 21 anos, foi atendido na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Oeste no dia 19 e teve contato com cavalos em Contagem, na região metropolitana. A data de acesso ao hospital, segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhmeig), é de anteontem à noite. Eles foram medicados, e amostras de sangue, colhidas para exames.

Principal cartão-postal da cidade e recém-promovida a Patrimônio da Humanidade pela Unesco devido ao complexo arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer, a região da Pampulha deve ser tratada como uma área de risco, avaliou Urbano. “O aumento do número de casos é suficiente para tratar o assunto como se fosse um surto, e a possibilidade de a Pampulha ser uma área de risco é cada vez mais real”, afirmou.

Urbano ponderou que o mais prudente é evitar a permanência prolongada na região, principalmente no gramado da orla e do Parque Ecológico. Outro cuidado é evitar o contato de animais de estimação com a vegetação, já que eles também podem ser hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a bactéria causadora da doença.

“Se não for possível evitar o local, as recomendações são usar sapatos fechados, roupa comprida, calça para dentro da meia, roupas claras para facilitar a visualização do carrapato e fazer a auto-inspeção do corpo”, disse. Ele explicou que para transmitir a doença, o carrapato precisa ficar preso à pele por cerca de quatro horas.

A também infectologista Tânia Marcial disse que ainda é cedo para falar em surto da doença, mas concorda que a população deve adotar cuidados ao frequentar a região. Ela recomendou ainda atenção aos sintomas – febre alta, manchas no corpo e dor de cabeça. Ao buscar atendimento médico, é importante informar que esteve em alguma área de risco. “Iniciar o tratamento bem rápido é muito importante para que o quadro não evolua para óbito”, afirmou.

Agilidade. Há 12 dias foi confirmado, por exames, que o garoto Thales Martins Cruz, 10, morreu por febre maculosa. Neste período, a prefeitura isolou algumas áreas do Parque Ecológico, intensificou a poda do gramado e aplicou carrapaticida no local. Na orla, as medidas ainda não foram adotadas e não há data prevista.

Estevão Urbano afirmou que as medidas estão corretas, mas tem a “impressão” de que a comunicação com a população sobre cuidados e sintomas poderia ser mais ostensiva. A prefeitura informou que intensificou a comunicação com a população e com as equipes de saúde. 

Pacientes

Alta. Outros dois pacientes, de 35 e 84 anos, com suspeita da doença, receberam alta do Hospital Eduardo de Menezes. Os exames para confirmar os diagnósticos ainda não ficaram prontos.

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