Uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG) e divulgada nesta quinta-feira (22) aponta que mais de 80% dos usuários ouvidos acreditam que a concessão do metrô para uma empresa particular não irá resultar na melhoria da qualidade dos serviços oferecidos à população. Dos 707 usuários que preencheram formulários, apenas 13,4% acreditam que a privatização do metrô seja a solução para os problemas enfrentados pelo sistema de trens da capital.
A pesquisa, que foi realizada entre o fim de 2015 e início de 2016, ouviu usuários das 19 estações do metrô da capital. A iniciativa de ouvir os usuários sobre uma possível privatização foi tomada pelo receio do sindicato em relação a Medida Provisória 727, que prevê o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), e que foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, na forma do Projeto de Lei de Conversão 23/16.
"Quando o projeto foi aprovado, o presidente Michel Temer alegou que os assuntos de mobilidade urbana serão incluídos no pacote de concessões. Caso isso ocorra, a União poderá passar a administração para o Governo do Estado ou para a administração privada, já que a lei 8.693, de 1993, diz que se a União não conseguir manter o metrô ela pode recorrer a uma dessas duas alternativas", o secretário geral do Sindimetro, Romeu Machado Neto. O texto espera a sanção do presidente Michel Temer (PMDB).
Segundo afirma o sindicato que representa a categoria, o medo é que a qualidade do serviço prestado à população caia. "No Rio de Janeiro, privatizaram o metrô, que deixou de cobrar no bilhete único de R$ 5,90 para R$ 6,50. A qualidade caiu, o preço cobrado pela viagem aumentou para o usuário, mas a União continua enviando recurso da mesma forma para as obras", afirmou o secretário geral do Sindimetro, Romeu Machado Neto.
A reportagem entrou em contato com o Ministério de Cidades que ficou de se posicionar ainda nesta quinta-feira (22).
Movimentação. O metrô de Belo Horizonte recebe diariamente uma média de 220 a 230 mil usuários, segundo informou o Sindimetro-MG. Para a passagem unitária, é cobrado o valor de R$ 1,80. Já a integração sai a R$ 3,70.
Outro lado. Por meio de nota, o Ministério das Cidades informou que a "Lei nº 8.693/1993 iniciou o processo de desestatização dos serviços de transporte ferroviário urbano de passageiros da União para os Estados e Municípios, sendo que a partir desse momento, se incluíram dentre os objetivos sociais da CBTU, a modernização e expansão dos sistemas que opera, visando à transferência da administração e gestão daqueles sistemas para os governos locais.