Diante do quadro de superlotação dos presídios mineiros e do ressurgimento de sucessivos motins no primeiro semestre deste ano, 230 militares do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) iniciaram nesta semana um treinamento específico para o combate às rebeliões no Estado. Divididos em turmas de 45 alunos, eles serão capacitados na teoria e na prática para agir em casos de rebeliões em unidades prisionais.

Especialista ouvido pela reportagem entende que a medida é necessária diante da atual situação de tensão vivida nos presídios em Minas. Há pelo menos três anos, a PM não realizava esse tipo de iniciativa, já que, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), todos os agentes penitenciários são preparados e treinados para intervir em qualquer situação de anormalidade.

Nesta terça, durante cerca de uma hora e meia, a reportagem de O TEMPO acompanhou parte de um desses treinamentos que serão realizados diariamente até o dia 18 de setembro. Em uma quadra de futebol do Batalhão de Choque, uma das turmas de policiais fez a simulação de uma rebelião. “A ideia é mostrar como o policial deve se portar em horas como essas, para que a ordem seja retomada. São técnicas e táticas para cada situação”, explicou o tenente Carlos Mazala, um dos instrutores do curso, mas sem dar muitos detalhes do processo.

De acordo com o policial, os treinamentos são embasados por experiências da PM em ações em Minas e em outros Estados, como as utilizadas durante a crise de rebeliões em penitenciárias do Maranhão, no ano passado. “Temos instrutores que participaram dessas ações no Nordeste e vão nos auxiliar nesse trabalho”, disse o tenente. Mazala explicou que, como parte do treinamento, os policiais do choque também participarão de simulações dentro de dois presídios do Estado. “Provavelmente esse número será aumentado até o fim do curso”, adiantou.

Análise. Para o presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Adilson Rocha, o treinamento da PM mostra que o Estado está em alerta.

“Com a situação de superlotação, esses motins são uma realidade, e, para isso, é preciso um grupo policial treinado. Em situação de crise, eles evitam mortes, enquanto a intervenção de um PM despreparado provoca mortes”, afirma.

Veja o vídeo com o treinamento

 

Segurança

Interna. A Seds informou que, além dos agentes penitenciários, as unidades prisionais contam com o Grupo de Intervenção Rápida e com o Comando de Operações Especiais (Cope) para agir.

Relembre
Rio Doce
. Em junho deste ano, detentos da Cadeia Pública de Governador Valadares realizaram um motim, que resultou na morte de dois presos e deixou outros cinco feridos.

Divinópolis. Em março passado, após suspensão de visitas no presídio Floramar, em Divinópolis, na região Central, houve o início de um motim. A confusão durou cerca de três horas.