Quatro artistas que participam do Espaço Comum Luiz Estrela, no bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foram detidos na tarde desta segunda-feira (16) na avenida dos Andradas, no centro da capital. Segundo o advogado Joviano Mayer, que acompanha os detidos, os artistas foram presos porque estavam com materiais como arame, tinta e madeira, que seriam utilizados em uma performance no Espaço Cultural 104, próximo à praça da Estação.
“Não estou entendendo porque os militares prenderam eles. Não é errado portar esses materiais", considerou Mayer. "Acho que está tendo uma histeria por parte da polícia. O material seria utilizado unicamente para um trabalho artístico. Essa prisão é desnecessária”, completou.
Nesta segunda, às 18h os artistas participariam da intervenção cultural "Arte Contra a Copa" na rua Guaicurus, próximo ao espaço 104. Eles foram presos pouco antes do evento, que segundo o advogado, não ocorreu por causa da prisão do grupo.
Segundo ele, os artistas Tita Marçal, Felipe Godoy, Mary Astrus e Nando Llamas, esse argentino, residente no Brasil e em Belo Horizonte há dois meses, foram detidos por volta das 17h30 e levados para a Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan) na rua Pouso Alegre, no bairro Floresta, na região Leste da Capital. Felipe e Mary são estudantes da Univerdidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).
Até a 0h, apenas um dos envolvidos havia sido ouvido pelo delegado.
Versão da polícia
De acordo com o tenente-coronel Alberto Luiz, chefe da comunicação social da Polícia Militar, o grupo estava com um material geralmente utilizado em protestos não pacíficos, como corrente, tábuas com pregos expostos, spray para pichação, publicidade com apologia aos black blocs, tintas, pedras e outros artefatos que podem causar lesão e ferimentos, em um carrinho de supermercado.
Ainda segundo ele, os objetos são considerados arma branca e, portanto, portá-los é uma contravenção penal. Ainda de acordo com ele, no momento da abordagem o grupo não informou para que os objetos seriam utilizados e somente na delegacia disseram que era para uma performance artística.
O advogado Joviano Mayer afirmou que a corrente que estava com o grupo servia para prender a bicicleta de um dos integrantes presos. Ainda segundo ele, a madeira e os pregos seriam utilizadas para fazer uma caixa, as pedras e todo o restante do material também seriam utilizados apenas para a performance. O advogado disse ainda que o grupo estava com revistas com conteúdo ideológico, mas nada que incitasse a violência.
A reportagem também tentou contato com a Ceflan para saber mais informações sobre a ocorrência, mas as ligações não foram atendidas.
Atualizado à 0h