Ângela Batista Amaral morreu de câncer, aos 55 anos – nove meses depois de ser “desenganada” com um tumor que se espalhava e não lhe deixaria viva por muito tempo. Sem perspectiva alguma de cura, passados 12 anos de tratamento, ela começou a ser atendida por uma equipe multidisciplinar de Cuidados Paliativos do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), na capital mineira.
Os profissionais visitavam-na em casa toda semana para controlar os sintomas físicos, emocionais e sociais da doença, para ouvir e oferecer conforto a ela e à família. “Eles fazem o serviço mais bonito do hospital, cuidam de relações familiares, ensinam a tratar em situações precárias”, falou um motorista do HAC que transporta a equipe.
Proporcionar a Ângela qualidade de vida prolongou seu caminho para a finitude por pelo menos seis meses além do esperado (a expectativa era de três meses). Ângela viveu 270 dias em casa, despedindo-se, ajeitando-se, agradecendo a cada novo acordar. A reportagem de O TEMPO acompanhou suas derradeiras 30 semanas, um registro profundo sobre a vida e a morte narrado nas próximas páginas deste caderno.