Buzinas em disparada, pessoas atrasadas para o trabalho e até ambulâncias paradas no trânsito. Mais uma vez, dois protestos complicaram o tráfego de veículos na região Centro-Sul da capital, inclusive na área hospitalar. As interdições dessa quinta aconteceram nas avenidas Afonso Pena e dos Andradas, e os reflexos foram sentidos até no complexo da Lagoinha.
Em assembleia, servidores municipais, parados há 25 dias por reajuste salarial, deliberaram pela manutenção da greve e intensificação das manifestações até a Copa do Mundo, que começa no próximo dia 12. Segundo a categoria, composta por trabalhadores da saúde, educação e assistência social, caso não haja diálogo com a prefeitura, eles vão se juntar àqueles contrários ao Mundial.
Enquanto havia a reunião, quem aguardava no trânsito reclamava. “Já estou atrasado e tenho que fazer tratamento. Essas paralisações causam muitos transtornos na cidade”, afirmou Rodrigo Morato, 34. Ele saiu da região da Pampulha para o Hospital das Clínicas com o intuito de fazer hemodiálise.
Agentes da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) intervieram na situação para que parte da Afonso Pena fosse liberada, já que estava prejudicando a circulação de ambulâncias.
O protesto também prejudicou a oferta de serviços, como foi o caso da motorista de uma van escolar. Lúcia Nunes, 52, também saiu da Pampulha e seguia para o bairro Sion, onde iria buscar estudantes em uma escola. Segundo ela, assim que chegou ao complexo da Lagoinha, ficou presa no engarrafamento.
Resposta. Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que manterá, até hoje, a sua proposta de reajuste salarial de 7% divididos em duas etapas: 3,5% incorporados a partir da folha de pagamento de julho e mais 3,5%, a partir da folha de novembro. Esse reajuste representa um impacto financeiro de R$ 75 milhões a mais com a folha de pagamento em 2014.
Ainda segundo a nota, está previsto um acréscimo de 8,82% ao vale-refeição/vale-alimentação, a partir de novembro, que corresponde a um aumento de R$ 1,50 no valor diário. A prefeitura se comprometeu a retomar o pagamento das férias-prêmio, destinando R$ 6 milhões para essa despesa neste ano.
Balanço
Dados. Segundo informações da Prefeitura de Belo Horizonte, nenhuma unidade de saúde deixou de funcionar nessa quinta por causa da greve. Do total de funcionários do setor, 20,4% não trabalhou.
Saiba mais
Pedido. Os servidores reivindicam reajuste salarial de 15%, concurso público, política de moradia para os servidores, pagamento de férias-prêmio, redução do tempo para obtenção de férias-prêmio de dez para cinco anos, pagamento de precatórios devidos e lei contra assédio moral.
Prefeitura. Além do reajuste de 7% , o Executivo ofereceu reavaliar os planos das carreiras de engenheiros e arquitetos, de professores da educação infantil, dos fiscais da Vigilância Sanitária e dos médicos. A prefeitura reafirmou o pagamento de adicional de periculosidade à Guarda Municipal de 30%.