Com a premissa de incluir as diversas representações de gênero na fala, escrita e em todas as formas de expressão, um grupo de escritores(as) belo-horizontinos criou a Academia Mineira Transliterária. O objetivo é que os transgêneros sejam protagonistas de suas histórias, de sua cultura e também de suas expressões artísticas.
A iniciativa foi lançada nesse sábado (24), em evento no viaduto Santa Tereza, na região Central de Belo Horizonte. O Sarau do Amor teve várias atrações musicais e teatrais, além de um bazar e exposição de artistas trans, como Babi Macedo.
Ainda em germinação, o grupo já tem alguns poemas, contos e textos, mas nenhuma publicação. Além de um espaço de discussão sobre literatura, a ideia, de acordo com um dos idealizadores do projeto, o cozinheiro João Kaisen, 25, é de que a academia funcione também como um “caça-talentos” e que, aos poucos, vários escritores se juntem à iniciativa.
“Literatura também é arte, e quem falou que trans não é artista? Começamos com a escrita, mas nada impede que, no futuro, isso não se expanda para outras artes”, disse. A pretensão, segundo ele, é de em breve lançar uma coletânea com trabalhos literários de vários autores da população transgênera.
A academia está temporariamente funcionando em uma sala no edifício Maletta, no centro. Eles terão reuniões mensais para debater literatura e para troca de textos. Os encontros serão abertos para qualquer pessoa.
Estética
Linguagem própria pede passagem
Além da visibilidade e de um lugar onde os transexuais encontrem possibilidades para suas produções literárias, a Academia Mineira Transliterária quer criar também uma estética onde a cultura trans esteja presente, com gírias, verbetes, jargões e peculiaridades.
A auxiliar de serviços gerais Michelly Colt, 36, é uma das principais entusiastas dessa vertente literária. Ela disse que, entre os (as) transexuais, impera uma linguagem própria. “Temos a nossa forma de comunicar e quero poder escrever assim. Reverberar os termos e ser identificada por isso”, contou.