Aglomerado da Serra

Vida segue em meio a tiroteios 

Moradores afirmam que traficantes emitem alerta quando confrontos vão começar

Por Larissa Veloso
Publicado em 08 de fevereiro de 2016 | 04:00
 
 
 
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O dia a dia no Aglomerado da Serra estava tranquilo há cerca de dois anos. “Estava se parecendo muito com os bairros de classe média. Não tinha confronto há algum tempo. Mas com essa guerra, sinto, como moradora, que nem a polícia pode mais colocar um fim”, relata Cláudia, uma jovem que mora no local.

Com os tiroteios das últimas semanas e a ocupação da Polícia Militar na tentativa de manter a paz, Cláudia começou a deixar de sair de casa em alguns dias por causa do temor de acabar no meio do fogo cruzado. “O medo era grande, mas não porque queriam nos afetar. Aqui vimos claramente que eles (os envolvidos com o tráfico) não querem acertar os moradores e atiram quando não tem gente na rua. Mas te afeta, porque você nunca quer ser pego desprotegido”, diz.

Desde o fim de janeiro, grupos da região do Sacramento e Bandonion brigam entre si. O “cuidado” das gangues com os moradores do aglomerado pode ser observado também no hábito de emitir avisos quando um confronto irá ocorrer e nos áudios interceptados pela imprensa. “Eles passaram a avisar que ia ter tiroteio, para os comerciantes fecharem (seus estabelecimentos) mais cedo e, a partir daí, sabemos que não é seguro estar na rua”, explica Marcos (nome fictício), outro morador do local.

Mesmo assim, ele afirma que tenta manter sua rotina. “Eu só deixei de sair quando estava avisado que teria tiroteio de madrugada. Fora isso, a rotina continua a mesma, com mais cautela para andar pelo aglomerado”, explica.

Whatsapp. Na hora do tiroteio, cada um tenta se ocupar como pode. Alguns veem TV, outros ficam nas redes sociais e os mais “fofoqueiros”, como diz Marcos, ficam na janela acompanhando a movimentação dos carros da polícia.

Sem poder sair de casa, os moradores conversam pelo aplicativo WhatsApp, no celular, para se informar sobre o que está acontecendo em cada região do aglomerado.

Também circulou pelo WhatsApp duas músicas (funk) compostas pelos próprios traficantes. A primeira delas ameaçava a gangue de Sacramento e jurava mortes a integrantes do grupo. Já a segunda foi uma resposta ao grupo de Bandonion.

Policiamento.Desde o último dia 29, policiais do Batalhão de Choque, da Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), da Cavalaria, do Grupo Especializado em Policiamento de Risco (Gepar), das Rondas Ostensivas com Cães Adestrados (Rocca) e do 22º Batalhão ocupam áreas do aglomerado.

A assessoria de imprensa da PM desmentiu os boatos de que a ocupação policial no aglomerado da Serra estivesse chegando ao fim nos próximos dias ou que o efetivo no local tenha diminuído. “A PMMG mantêm o policiamento no local nos mesmos moldes do início da operação”, afirmou a assessoria em nota.

PM apreende mais drogas no morro

A Polícia Militar apreendeu neste domingo, no aglomerado da Serra, dois tabletes de maconha, além de 50 g e duas buchas da mesma droga, 35 pedras de crack e uma cápsula deflagrada de calibre .40.

Além desse material, a polícia já havia apreendido, desde o dia 29, nove armas, quase mil pinos de cocaína, 72 duas pedras de crack e 21 buchas de maconha. Também foi descoberto um laboratório de refino de cocaína. Os militares ainda prenderam 19 pessoas e apreenderam R$ 13.350 em dinheiro. 

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