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Especial Mineroduto

Impacto maior do que compensações 

Aumento da violência e do uso de drogas, superlotação de serviços públicos, vias danificadas são alguns dos problemas apontados em diversas outras cidades

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PUBLICADO EM 29/03/14 - 03h00

Há duas semanas, foi inaugurado em Dom Joaquim, na região Central de Minas, um quartel da Polícia Militar custeado pela Anglo American, responsável pelo projeto Minas-Rio. A mineradora também já construiu uma Unidade Básica de Saúde na cidade e fará obras de infraestrutura, em investimentos que somam R$ 21 milhões como compensação pelos dados causados pelo empreendimento. A captação da água para o colocar o mineroduto em funcionamento será feita no rio do Peixe, que passa pela cidade, e é o mesmo que, quilômetros depois, abastece as aldeias Pataxó, também prejudicadas pela obra.

O valor investido no município equivale a 58% do orçamento anual de R$ 36 milhões, mas é considerado insuficiente pelo prefeito Joraci Madureira. “Nem se investissem outros R$ 21 milhões eles me devolveriam a cidade como era antes. Os impactos são enormes”, diz.

Ao longo de todo o trajeto do Minas-Rio, moradores e autoridades municipais relatam problemas causados pelas obras e pelo grande número de forasteiros que chegaram para trabalhar no projeto. Aumento da violência e do uso de drogas, superlotação de serviços públicos, vias danificadas são alguns dos problemas apontados em diversas outras cidades.

Em Dom Joaquim, o prefeito chegou a impedir a circulação de veículos da Anglo na cidade no ano passado. O protesto durou uma semana, até que, com a intermediação do Ministério Público, a empresa começou a negociar as compensações. Com a chegada da empresa, o orçamento municipal, que era de R$ 12 milhões, triplicou, mas o dinheiro extra não significa melhoria de vida. “Eu preferia ter um orçamento de R$ 12 milhões e não ter os problemas que temos hoje. Essas obras não seriam necessárias se não tivesse os impactos. A cidade perdeu a sua essência”, reclama.

Em São Domingos do Prata, a usina de tratamento de lixo de São Domingos do Prata foi dimensionada para atender aos cerca de 18 mil habitantes da cidade, mas não aguentou o aumento de demanda provocado pela chegada das obras do Minas-Rio. O volume de lixo processado dobrou e a prensa da usina quebrou. “A usina foi sucateada e a empresa não tomou nem conhecimento”,diz a vereadora Maria Paula Moraes.

Ela enumera ainda problemas no relacionamento da empresa com a comunidade e sobrecarga nos serviços municipais, e diz que não houve contrapartidas para a cidade. “‘Enroloterapia’ é o que fazem aqui”, diz.

Rádio Super

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