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Trânsito

Desrespeito com ciclistas contribui para aumento de acidentes

No Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, acidentes cresceram 44% nos cinco primeiros meses do ano passado em comparação com este ano

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PUBLICADO EM 29/08/15 - 04h00

“Rua não é lugar de bicicleta”, “vai trabalhar”, “junta dinheiro e compra um carro” e “você está me atrapalhando”. Essas são algumas das frases mais ouvidas nas ruas pelos ciclistas, ditas por motoristas que, por desconhecerem as leis de trânsito ou por puro desrespeito, não consideram a bicicleta como parte do trânsito na cidade.

Esse desrespeito contribui para engrossar as estatísticas de atendimentos envolvendo ciclistas no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, que cresceram 44% nos cinco primeiros meses do ano passado em comparação com este ano - sendo que foram 100 ciclistas atendidos até maio de 2014 e 144  no mesmo período de 2015.

“Analisando e conversando com os acidentados nós percebemos que os condutores ainda não respeitam os ciclistas. A maioria dos atendimentos está relacionado a acidente de trânsito e muitas vezes ou o motorista ou o ciclista não respeitaram a sinalização”, afirma Marcelo Lopes Ribeiro, coordenador médico do plantão do João XXIII. Segundo ele, a falta de equipamentos de segurança e o aumento de pessoas pedalando na cidade também contribui para o crescimento nos atendimentos.

Buzinas, andar colado traseira do ciclista e ultrapassagem sem respeitar o 1,5 m de distância recomendado pela lei são os problemas mais comuns enfrentados por quem pedala na cidade. “As pessoas não entendem que a rua precisa ser compartilhada pelos carros, bicicletas e pedestres, todos tem o mesmo direito de estar ali. Os motoristas passarem tirando ‘fina’ de quem pedala é algo muito frequente”, destaca o ciclista Arthur Éden,25.

Além desse desrespeito, algumas vezes os ciclistas costumam passar por situações mais extremas. “Já aconteceu de motorista cuspir em mim e também tem os atropelamentos. Uma vez um motorista de ônibus apressado bateu em mim, me derrubou e sequer parou para ver o que havia acontecido.

Não sei o que acontece com esse tipo de motorista, parece que se tornam o pateta (o personagem conhecido por ser bobo fica agressivo quando entra no carro) quando começam a dirigir. Parece que estão em uma corrida e precisam chegar primeiro que todo mundo”, ironiza Éden.

Veja o vídeo com o que os motoristas mais ouvem dos ciclistas:

 

Outra situação de violência ocorreu no último dia 31 de julho, quando uma motorista atropelou e arrastou a ciclista Jéssica Almeida, 22, por quase um quarteirão, na avenida dos Andradas,  depois das duas terem discutido. A motorista foi presa depois de desacatar um policial militar e Jéssica e o namorado dela Thiago Rodrigues Souza, 29, que teve a bicicleta arrastada pela motorista, agora são testemunhas de um processo contra a condutora por desacato e resistência.

“No vídeo feito por uma pessoa que passava no local fica claro que ela me arrasta de propósito por quase um quarteirão, junto com a minha bicicleta e a do Thiago. Ela tinha que responder por tentativa de homicídio. Além disso, não sei se ela vai pagar nossas bicicletas. Na audiência, ela disse que não tinha dinheiro. Para mim a punição mais legal seria ela passar uns dias como ciclista, para ver como estamos mais vulneráveis e aprender a nos respeitar”, almeja Jéssica.

Veja o vídeo com o ato do dia do ciclista mais o atropelamento da jovem:

 

Respeito. Para os ciclistas o que falta são campanhas educativas para conscientizar os motoristas sobre o uso da bicicleta na cidade. “Só vamos ter respeito quando os motoristas entenderem que a bicicleta é um meio de transporte que faz parte do trânsito da cidade. Nós ainda temos uma cultura do automóvel muito forte”, considera Carlos Edward, 44, bike anjo.

Por meio de nota a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) afirma que desenvolve ações educativas de conscientização junto aos motoristas para o respeito aos ciclista sempre que uma nova ciclovia é implantada. Ações também direcionadas aos ciclistas para que eles respeitem as normas de trânsito.

“A expectativa é de que na medida em que o projeto de implantação de ciclovias na cidade for avançando haja conscientização por parte de todos, gerando uma mudança cultural, tanto para uma adesão significativa à utilização da bicicleta, quanto para o entendimento de que as ciclovias são um espaço público a ser respeitado e preservado na cidade”, diz a nota. Atualmente a capital tem 74,42 KM de ciclovias.

Rádio Super

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