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Sertânia

Cidade faz lista com pedidos de água

Secretaria de Agricultura de Sertânia tem lista de 15 páginas com nomes de moradores da zona rural que precisam urgentemente de água

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Lista da água elaborada pela Prefeitura de Sertânia aumenta todos os dias
PUBLICADO EM 08/10/13 - 03h00

Sobre a mesa de duas recepcionistas da Secretaria de Agricultura de Sertânia, no sertão pernambucano, está uma lista – de pelo menos 15 páginas – com nomes de moradores da zona rural que precisam urgentemente de água. Com 34 mil habitantes – um terço vive no campo – e apenas 15 caminhões-pipa para atender à demanda, o jeito foi fazer um listão, que está longe de atender a quem mais precisa da água.

O cadastro só aumenta. Chuva boa faz três anos que não cai ali. Uns poucos nomes destacados com marca-texto rosa são as propriedades que já foram atendidas. Na secretaria, os pedidos de água não são para animais. O povo pede água para beber e para cozinhar. É a sobrevivência que está em jogo.

Não bastaram cinco minutos na recepção para que duas agricultoras chegassem em busca de água. Ao conversarem com a atendente que coordena a lista, a resposta foi negativa. Para aquele dia e para os próximos, seria impossível o fornecimento de água. Talvez chegasse apenas na semana seguinte. Apenas os nomes das duas foram anotados.

Uma dessas mulheres é a agricultora Maria José de Oliveira, 40. Na roça, ela, o marido, os quatro filhos e duas sobrinhas dependem da terra para sobreviver. A estiagem prolongada na região já começa a mostrar seu lado mais perverso. Sem dinheiro, água e condições, o jeito foi vender nove cabeças de gado que ajudavam no sustento da família. Os nove animais valeram apenas R$ 1.500. Em tempos bons, poderiam valer R$ 10 mil. “Era gado de raça, gado bom. Mas estava magro. Chegamos a comprar água de pipas, mas ficava caro”, conta ela, apertando uma mão com a outra e com olhos baixos.

A outra agricultora é Ana Xavier dos Santos, 30, que mora com os pais e com um irmão em um sítio. Em sua casa, as criações estão prejudicadas. Os únicos animais que têm resistido ao período seco são os bodes. “Eles até engordam um pouquinho porque são próprios para esse clima. Só eles. O gado não resiste. Não criamos mais”, conta a agricultora.

Após a entrevista, uma das recepcionistas pede que as agricultoras voltem à secretaria na semana seguinte, “para reforçar o pedido da água como o secretário Cícero Paulo”, que estava viajando. Elas voltaram para casas levando só decepção.

Rádio Super

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