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BUROCRACIA

Obra tem atraso, falhas técnicas e desperdício de dinheiro

Quando a obra foi lançada, ainda no governo Lula, a projeção era encerrar os trabalhos em 2011; agora, a promessa é só para 2015

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Onde há operários, ritmo é lento
Onde há operários, ritmo é lento
PUBLICADO EM 06/10/13 - 03h00

SERTÃO NORDESTINO. Há dois anos, a paisagem seca do sertão poderia ter começado a mudar, caso o governo federal tivesse cumprido a promessa de entregar as obras de transposição do rio São Francisco em 2011, conforme havia sido previsto pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o início dos trabalhos, em 2007, não faltaram percalços, abandono de construtoras e denúncias de superfaturamento.


O resultado disso, hoje, é uma obra incompleta, com trechos semiprontos que ligam o nada ao lugar nenhum, além de uma desconfiança do sertanejo sobre a real eficácia da faraônica obra, idealizada ainda nos tempos de império, e que desde que foi anunciada, com toda pompa e circunstância, nunca foi unanimidade entre os especialistas.

A transposição do Velho Chico é composta por dois eixos (Leste e Norte), que partem de Pernambuco e seguem em direção ao Ceará e à Paraíba, num primeiro momento. De acordo com o projeto, o trecho Leste terá 217 km de extensão, sairá da barragem de Itaparica, entre Petrolândia e Floresta, no sertão pernambucano, e chegará a Monteiro, na Paraíba. Já a parte Norte da transposição terá, ao todo, 260 km de canais e barragens: de Cabrobó (PE) a Cajazeiras (PB).


No papel, o projeto de levar a água do São Francisco aos rincões do semiárido parece muito prático e de fácil aplicação. O grande problema é que a má gestão do governo vem fazendo com que construtoras abandonem os canteiros de obras. Trechos que já estão prontos sofrem com a impiedosa ação do tempo. O sol forte na região já rachou parte do concreto em alguns locais. Em outros, onde apenas o terreno foi recortado, o abandono dos trabalhos gerou o crescimento da vegetação onde passará o futuro canal. Onde há obras de fato, o ritmo de trabalho é sempre lento.

Represas e barragens, que terão papel fundamental para fazer a água correr por efeito de gravidade, ainda são um mero escopo em terrenos pedregosos e arenosos. Em alguns pontos, elas sequer foram começadas. Em outros, apenas a terra foi remexida, causando uma transformação no cenário – da caatinga para um mar de poeira.

Hoje, em boa parte dos dois eixos, o canal serve apenas como ponto de passagem para espertos bodes e cabras que tentam encontrar alimento em meio à vegetação seca da caatinga. Nenhuma gota d’água passa por ali.

 

R$ 4,73 bi eram o custo da obra previsto pelo governo federal em 2007, quando a obra começou, ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

R$ 8,2 bi são o total atualizado de gastos com a transposição do Velho Chico, de acordo com as projeções mais atualizadas do Ministério da Integração Nacional



 

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