Nova causa para a extinção dos dinossauros

Material associado a asteróides e encontrado em riacho coloca Nova Jersey na rota do último extermínio em massa

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PUBLICADO EM 17/11/07 - 16h56

FREEHOLD, EUA - Caminhando por um riacho raso em uma região suburbana do Estado de Nova Jersey, os paleontólogos voltaram 65 milhões de anos até a época da última extinção em massa, aquela notável pelo desaparecimento dos dinossauros. A corrente flui sobre os sedimentos estabelecidos perto do fim do período Cretáceo da geologia. A argila no nível da água mantém traços significativos de irídio, elemento mais comum em asteróides e outros objetos extraterrestres do que na Terra. Ninguém conseguiu resistir a enfiar o dedo na argila, tratando- a como uma pedra de toque dessa viagem no tempo.

Os cientistas associam a anomalia de irídio com o impacto ou impactos de asteróide que supostamente provocaram a extinção. A camada fina, que tem sido detectada mundialmente, também é considerada o marcador do fim do período Cretáceo e início do período Terciário, conhecido como limite K-T.

Na época, os níveis do mar eram mais altos e Nova Jersey era mais quente. As águas proto-atlânticas chegavam ao centro das fronteiras atuais de Nova Jersey, com mais de 18 m de profundidade, onde em um dia recente os paleontólogos tinham água em seus tornozelos em um riacho. Eles olhavam para os sedimentos no banco do riacho pouco acima da argila de irídio. Eles a chamam de camada de fósseis de barbatanas.

Em visitas anteriores, eles descobriram na rocha e solo de barbatana um número surpreendente de fósseis marinhos, incluindo pequenos mexilhões, caranguejos e ouriços-do-mar. Havia uma abundância de amonites, consideradas organismos índices do meio ambiente Cretáceo predominante. De alguma forma, aqui pelo menos, a vida parecia ter não só persistido como também progredido por dezenas, talvez centenas, de anos após o suposto impacto do asteróide.

"Isso está realmente colocando Nova Jersey no mapa do limite K-T", disse Neil Landman, paleontólogo de invertebrados do Museu Norte-Americano de História Natural que dirige a nova pesquisa na bacia do rio Manasquan. A descoberta de comunidades de seres que sobreviveram ao fim do período Cretáceo está fazendo com que alguns cientistas repensem as causas e os efeitos da extinção. Alguns questionam a explicação convencional de um único grande impacto que envolveu a Terra em uma nuvem de poeira e quase instantaneamente trouxe um inverno global mortífero. Eles defendem que isso pode ser uma simplificação excessiva, e que a história real por trás do desastre que eliminou os dinossauros é mais complicado e ainda incerto.

"É inegável que os pedaços de irídio na base na camada de barbatanas foram produzidos pelo impacto", disse Landman. "Isso é impressionante e dificulta a explicação sobre as abundâncias de amonite que encontramos acima da anomalia de irídio".

Precaução
A princípio, os paleontólogos trataram as descobertas dos fósseis em Nova Jersey com cautela. Geólogos que analisaram 37 amostras de sedimento de três locais no riacho e de vários outros em sua bacia concluíram que elas continham uma concentração notável de irídio na base de barbatanas. Ainda assim, Landman considerou a possibilidade do irídio ter mudado com o tempo, confundindo a cronologia.

Landman disse que desde então ele ficou cada vez mais confiante quanto à camada de irídio do riacho ter ficado imóvel onde ela foi depositada. Ela é um marcador supostamente verdadeiro de um impacto de asteróide com repercussões globais, e isso complica o entendimento sobre a extinção em massa. Por que não existe evidência no riacho sobre a destruição quase imediata pós-impacto, como presumido pela teoria padrão?

Um projeto de construção levou os cientistas à descoberta. Escavações para uma nova ponte três anos atrás expuseram uma seção de rocha passando pelo limite K-T. Em um relatório deste ano, o grupo de Landman escreveu que a seção continha "a montagem de invertebrados mais abundante e diversa já descoberta nessa parte de Nova Jersey".

Traduzido por André Luiz Araújo

Rádio Super

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