A ideia de canalizar os rios surgiu, segundo especialistas, com a especulação das empreiteiras para construir imóveis e pistas. Como o esgoto era todo jogado nos córregos urbanos e ocorriam enchentes, o problema era tapado com concreto. De acordo com o diretor de projetos da Sudecap, Ricardo Aroeira, essa era uma visão equivocada, de que diminuiria os riscos de inundações.
“Quando se canalizava um rio, o problema passava para outros rios, e iam canalizando a cidade inteira. Hoje, não pode chover que inunda”, afirmou o ambientalista Apolo Heringer. Prova disso é que há anos a Sudecap vem fazendo obras de prevenção, principalmente em córregos canalizados, como implantação de bacias e barragens para reter a água da chuva.
“A solução do passado afastava o problema para as áreas baixas. Mas o canal vira uma tubulação com vazão limitada. Se tivermos uma enchente avassaladora no Arrudas, a diferença é que agora a via será destruída. Construir bacias de detenção sem controlar a impermeabilização do solo é apenas um paliativo”, disse o professor de Arquitetura e Urbanismo da UFMG Rogério Palhares.
As obras de combate a inundações na calha do Arrudas, previstas para começar neste ano e terminar em 2017, incluem um reservatório de controle de cheias, no bairro das Indústrias, e uma bacia de detenção, no Calafate, na região Oeste.
“A cobertura dos rios também reduziu a relação que a cidade tinha com as águas urbanas. Daqui a uns anos, ninguém lembrará que no Bulevar passa um rio”, disse Palhares.