Estrela de cinema, atriz global e a rainha do carimbó, que apresentou, ainda nos anos 1990, a hoje efervescente música paraense ao resto do Brasil. Talvez nenhum desses rótulos sejam suficientes para resumir a importância dos mais de 50 anos de carreira da cantora carioca Eliana Pittman. De volta à Belo Horizonte hoje à noite, como a principal atração da edição especial do Aqui Jazz, na praça da Liberdade, a cantora mostra as primeiras influências da carreira, ao entoar um repertório clássico das divas do jazz norte-americano, Ella Fitzgerald e Billie Holiday.
“Desde criança eu escuto Billie e Ella sem parar. Meu padrasto colocava na vitrola e eu ficava o dia todo encantada com aqueles timbres, enquanto ele ensaiava ou simplesmente descansava em casa”, relembra a cantora. Além de trazer à tona suas memórias de infância, o show também retoma as primeiras apresentações de Eliana Pittman, ainda ao lado do padrasto, o clarinetista Booker Pittman, que tocou com Louis Armstrong e Pixinguinha. “Eu fazia backing vocals e, de algum jeito, aprendi a essência da música cantando jazz nas casas noturnas brasileiras – meu padrasto mesmo queria que eu fosse uma cantora de jazz. Lembro que eu era louca para cantar no Cassino da Urca”, completa a cantora.
No repertório desta noite, Eliana Pittman tem dez canções preparadas, incluindo duas releituras de Tom Jobim em inglês – uma delas é “Wave”, mas a outra ela mantém suspense. No palco, além de um cenário com um Cadillac Hearse de 1974 – que transportou o corpo de autoridades como Itamar Franco e José Alencar –, ela estará acompanhada dos músicos do Take Five, banda com 20 anos de experiência em jazz e bossa nova, formada pelos músicos Ricardo Penido (trompetista), Matteo Ricciardi (saxofonista), Hugo Silva (contrabaixista), Leo Lana (percussão) e Walner Casitta (piano). “Já toquei com a banda, ensaiamos e vou prezar por deixar o show solto, com liberdade para improviso e canções escolhidas na hora”, diz a cantora.
Projeto. Eliana Pittman se diz renovada espiritualmente e pronta para gravar um novo disco de inéditas, que vai suceder “Minhas Nova Influências” (Eletrobrás, 2009), que apresentou releituras com influências latinas de clássicos brasileiros como “Copacabana”, de Tom Jobim, e “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa. “Me sinto pronta para gravar de novo, o judaísmo tem contribuído para aflorar novas concepções em mim, como a paciência e uma paz em relação ao próximo”, diz a artista.
Agenda
O QUE. Eliana Pittman e banda Take Fave no Aqui Jazz
QUANDO. Hoje, às 20h
ONDE. Praça da Liberdade
QUANTO. Entrada gratuita