O projeto Digas! Poesia Falada traz a Belo Horizonte o show “antroPOPhagia”, de Beatriz Azevedo. Além da apresentação, a multiartista aproveita para lançar seu mais recente livro, “Antropofagia Palimpsesto Selvagem”. O evento, com entrada gratuita, será hoje, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium.
A escolha de um show para um projeto que coloca sob os holofotes a palavra pode parecer, a princípio, diferente. Mas Beatriz logo explica que faz sentido porque sua formação artística começou com a poesia. “Antes de gravar discos, fazer teatro, e de misturar todas essas linguagens, minha primeira expressão foi a poesia. A partir dela, tomada como som, imagem, sentido, cena e espaço é que meu trabalho foi crescendo”, explica.
Para além da formação artística da cantora, o espetáculo “antroPOPhagia” também tem a poesia em seu cerne. “Meus shows têm vários de meus poemas musicados, assim como de outros autores. No caso desse disco, o foco está nos escritores antropófagos, como Oswald de Andrade. Tem também outros poemas que eu adoro, como um da Hilda Hilst”, conta.
Com direção de Cristóvão Bastos, o show reúne os músicos Jorge Rehder, no contrabaixo, Maurício Calmon, na bateria, Antônio Guerra, nos teclados, Miguel Jorge, na guitarra, e Angelo Ursini, que assina algumas das faixas do disco ao lado de Beatriz, nos sopros. “A estreia foi em dezembro de 2012, no Lincoln Center, em Nova York. Eu nem tinha a pretensão de transformar em disco, mas o pessoal de lá gravou a apresentação e acabou acontecendo. Do ponto de vista de arranjos, música e projeção, BH já vai ver um trabalho amadurecido, o que é bem interessante para o público”, garante, revelando que o espetáculo conta com projeções que são fruto de uma pesquisa intensa. Entre imagens inéditas, estão cenas do filme “O Rei da Vela”, de José Celso Martinez Correa, com texto de Oswald de Andrade, e do filme “Tabu”, de Júlio Bressane, estrelado por ninguém menos do que Caetano Veloso.
E por falar em Caetano, o show ainda conta com a presença especial do músico Moreno Veloso, com o qual a cantora nutre uma relação especial de amizade. “Brinco que éramos irmãos antes de nos conhecermos. Temos como padrinho Vinícius Cantuária, que conheci quando fui estudar música em Nova York. O Moreno já conhecia ele desde pequeno, por causa do Caetano. O Vinícius é patrocinado por uma marca de instrumentos japonesa, e me ligou um dia falando que tinha um presente para mim. Ele tinha ganhado dois exemplares de um violão super especial, feito a mão. Ele me presenteou com um, e o outro foi para o Moreno”, conta. Agora, os artistas promovem o encontro dos instrumentos no palco.
Beatriz aproveita também para lançar o livro “Antropofagia Palimpsesto Selvagem”, que passeia pelo mesmo tema do show. “Nunca pensei em colocar a mão nesse vespeiro de lançar um livro na academia. Sempre fui da poesia. Mas o antropólogo Viveiros da Costa me convenceu que era um livro necessário, por ter uma pesquisa profunda sobre o tema”, afirma Beatriz. O livro tem ilustrações de Tunga, e foi a última obra com a qual ele colaborou antes de morrer. Beatriz adianta que o projeto tem tudo para virar peça de teatro, em parceria com o ator Matheus Nachtergaele.
Agenda
O quê. Digas! Poesia Falada - Show “antroPOPhagia” de Beatriz Azevedo e lançamento do livro “Antropofagia Palimpsesto Selvagem”
Quando. Hoje, às 19h30
Onde. Teatro de Bolso do Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, Centro)
Quanto. Entrada gratuita, com retirada de ingressos 30 minutos antes do evento