RIO DE JANEIRO. Em meio à pior crise econômica e política que o Brasil já enfrentou, Roberto Medina, 69, decidiu apostar num Rock in Rio maior e num discurso convidando seu público (700 mil ingressos vendidos) a “repensar o país”. A sétima edição nacional do festival, em setembro, ocupará um espaço com o dobro do tamanho do anterior, no Parque Olímpico da Barra – hoje uma área particular, que Medina alugou por seis anos, para montar as três próximas edições. Seria possível duplicar o público na nova Cidade do Rock, mas ele quer testá-la antes de crescer ainda mais. Entre as novidades, arenas que receberão uma feira de games e um palco, “Digital Stage”, onde os artistas serão youtubers.
O homem que já organizou uma edição “por um mundo melhor”, com três minutos de silêncio pela paz, agora quer conclamar as pessoas a sair do que vê como “apatia” e fazer sua parte para vencer a crise. Ao longo de cenários pintados de branco, estarão manchas coloridas com palavras como “dignidade”, “ética”, “sonhar” e “acreditar”.
Quão difícil foi fazer essa edição durante a crise?
Estava na cara que o Rio iria minguar. Então apertamos a comunicação em Minas e São Paulo, que são as maiores áreas de venda de bilhete fora do Rio. No primeiro festival, o público foi quase 100% carioca, depois foi para 70%, no último foi 55% e, agora, 39%. A outra coisa, que vem de um feeling meu, foi que deveria fazer um festival maior.
Quanto custou?
Não posso dizer. Para montar o festival foram R$ 200 milhões, uns R$ 20 milhões de aumento (em relação à última edição), porque a Cidade (do Rock) é muito maior e os artistas foram mais caros.
Qual artista custou mais?
Para os principais, foi absolutamente o mesmo valor. O dia mais caro é o do Guns N’ Roses com o The Who, porque eu tive de pagar dois grandes. Eu queria trazer o Guns, foi um capricho meu, eu gosto. Não me entendo com ele (Axl Rose) há muitos anos, mas continuo a gostar.
Neste ano haverá homenagem ao samba. Algum gênero musical não cabe no Rock in Rio?
O sertanejo eu acho que não tem a ver. Tem alguns mitos em relação ao festival. Um deles é que era de rock. Isso é uma burrice absoluta, nunca foi só rock.
O Rock in Rio se paga antes de começar?
Totalmente. A bilheteria responde por 45%, 50%.
E por que, mesmo assim, recorreu a lei de incentivo em duas edições?
Não recorro mais porque não preciso bater boca, mas tá errado, totalmente errado (não usar o incentivo). Com o dinheiro incentivado, vou expandir meu projeto, vou para a Argentina, para a Rússia. Incentivar o sujeito que não tem uma receita de sucesso é jogar dinheiro fora.
Por que fazer uma abertura política para o festival?
Estamos numa época extremamente complicada e as pessoas estão apáticas. O que eu estou tentando levar é entusiasmo e crença de que a gente pode fazer. Não vamos resolver todos os problemas, mas uma parte.
Você foi sequestrado nos anos 1990. Hoje a violência está pior?
Com certeza. Nós estamos abandonados. Perdemos a mais básica segurança, a de ir e vir. Nunca vi uma situação tão deprimente. A gente está num caos que, se não acordarmos...
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Aposta num Rock in Rio maior
Entre outros assuntos, Roberto Medina fala da edição deste ano do evento, que, em meio à crise, será ampliada
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