Uma série de protestos contrários a obras artísticas tem tomado o país desde o fechamento da exposição “Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, em Porto Alegre. Algumas dessas ações aconteceram em Belo Horizonte, como no espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, alvo de protestos, e a exposição “Faça Você Mesmo Sua Capela Sistina”, de Pedro Moraleida (1977-1999), que foi acusada de pedofilia e zoofilia.
Como uma reação aos atos contrários às manifestações artísticas citadas, artistas, produtores e agentes culturais se reuniram na Frente Nacional Contra a Censura (FNCC). “A Frente foi criada como uma reação ao conservadorismo que tenta censurar uma exposição de artes no Palácio das Artes. Resolvemos contactar a família do artista e decidimos fazer uma reação, inclusive aos políticos da cidade que foram contrários à exposição”, comenta Pedro Martins, produtor e um dos coordenadores da FNCC, em referência ao deputado estadual João Leite (PSDB) e ao vereador Jair Di Gregório (PP).
Martins conta que a Frente organizou, no dia 27 de outubro, um primeiro ato de resistência que contou com cerca de 1.000 pessoas. Também foi organizada uma vigília à exposição de Moraleida ao longo de 26 dias. Agora, a Frente convoca a população para um ato nacional que será realizado nesta terça-feira (21), às 18h, na porta do Palácio das Artes, na avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte.
“Decidimos fazer algo que não fosse um ato isolado e lançamos uma campanha nacional contra a censura. A intenção é combater as ações políticas de censura que estão acontecendo também nas câmaras e assembleias legislativas, como o projeto que cria uma comissão de análise a obras artísticas, abrindo o risco de termos instaurada uma comissão de censura às artes”, pontua Martins.
Pelas redes sociais, a Frente recebeu mensagens de diversos artistas como Chico Buarque. “É necessário que artistas e brasileiros esclarecidos em geral se manifestem enquanto é tempo contra a escalada desses movimentos que se dizem conservadores, mas que, na verdade, se valem de práticas fascistas, de intimidação e de violência, nas ruas e nas redes sociais contra a liberdade de expressão”, afirmou o artista.
O ator e dramaturgo João das Neves também fez sua convocatória chamando atenção para a censura que extrapola o campo das artes. “É contra também a intolerância religiosa que se manifesta brutalmente contra as religiões de origem africana, contra a intolerância de gênero, contra o estado de exceção que se tenta travar neste país”, declarou.
A atriz Débora Falabella também deu seu apoio. “Juntos vamos dizer não à censura nas artes’.
A FNCC já organiza atos também no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Salvador.
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BH é protagonista na criação da Frente Nacional Contra a Censura
Pelas redes sociais, o movimento, que luta pela defesa à liberdade de expressão, recebeu mensagens de diversos artistas como Chico Buarque
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