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Teatro

Com cara de dèja-vu 

12ª edição do Festival Internacional de Teatro de Palco & Rua - FIT-BH começa nesta terça (6), cercada de questionamentos

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Abertura. “Prazer”, da Luna Lunera, abre as atividades do FIT-BH hoje, no Teatro Francisco Nunes
PUBLICADO EM 06/05/14 - 03h00

Nos últimos anos, o Festival Internacional de Teatro, Palco & Rua de Belo Horizonte (FIT-BH) passou por três equipes diferentes e acumula problemas financeiros. É nesse contexto instável que o principal evento do teatro mineiro chega ao seu 20º ano, a partir de hoje, cercado por ponderações. A Cia. Luna Lunera faz as honras da abertura com a apresentação de “Prazer”, às 21h, no Teatro Francisco Nunes. Clique aqui e acesse nosso especial do FIT-BH

Um histórico rápido do evento bienal dá a dimensão dessa instabilidade. Em 2010, os então curadores Eid Ribeiro e Richard Santana desligaram-se por não concordarem com a gestão da Fundação Municipal de Cultura (FMC). Pouco depois, Carlos Rocha, o Carlão, deixou a coordenação geral. Após quase ser cancelado, o FIT foi realizado em agosto, sob coordenação de Rodrigo Barroso. Em 2012, Marcelo Bones assumiu a direção artística.

Agora, em 2014, as cartas foram trocadas outra vez. Cássio Pinheiro é o atual coordenador geral do FIT-BH, enquanto Jefferson da Fonseca e Geraldo Peninha respondem pela curadoria. A mudança ocorre em momento delicado: uma edição em ano de Copa do Mundo e com dívida superior a R$ 1 milhão com fornecedores que trabalharam em 2012.

A FMC pretende fazer a maior edição da história do evento. De fato, a grade cresceu em número de dias e espetáculos. De hoje até 25 de maio, serão apresentadas 18 produções internacionais, 12 nacionais e 25 locais. Há de se pensar se a grandiosidade de um festival se mede por números. É fácil perceber que o aumento concentra-se na produção local, com um panorama amplo da cena de BH. Porém, grande parte dos espetáculos já cumpriu um considerável número de apresentações na cidade. Pode-se tomar como exemplo “John & Joe”, do diretor Eid Ribeiro com o grupo Trama, que estreou em 2009.

Tradicionalmente, o FIT costumava começar com um espetáculo de rua inédito, que impactasse a cidade. Na primeira edição, em 1994, foi o grupo francês Générik Vapeur, com “Bivouac”. Em 2012, a remontagem de “Romeu e Julieta”, na praça do Papa. Sem desmerecer as qualidades artísticas de “Prazer”, que não são poucas, a escolha deste espetaculo para a abertura deixa a sensação de déjà-vu: a peça inaugurou o Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte com uma temporada de 11 semanas no ano passado e já foi vista por 10 mil pessoas na cidade.

O primeiro espetáculo de rua fica para amanhã, quando a Cia. Efêmera, de São Paulo, apresenta “Café?”, às 9h e 17h, na Estação BH Bus Venda Nova. A descentralização das apresentações é outra marca deste ano. O teatro chega a áreas desguarnecidas da cidade, enquanto alguns espetáculos (caso de “A Cobra Vai Fumar – Uma Estória da FEB”) não passam pelo centro.

Internacionalização. A explicação oficial para o crescimento dos mineiros no FIT é “a valorização e a internacionalização” da produção local. A maior parte da seleção ficou a cargo de uma comissão que escolheu entre 40 inscritos. “Tentamos fazer um apanhado do que tínhamos visto de significativo nos últimos tempos”, diz Peninha, sobre os convidados não-inscritos. Isso inclui o infantil “De Banda para a Lua”, do Armatrux, que estreou em 2007.

Na programação nacional, as escolhas da curadoria desviaram do que se costuma ver em festivais brasileiros, trazendo obras de cidades como São José do Rio Preto e Florianópolis. A mais esperada é “Cine Monstro”, do carioca Enrique Diaz. “A gente percebeu que os FITs anteriores foram eficazes em fazer um recorte profundo de determinadas vertentes do teatro, por exemplo, de vanguarda. Como essa é uma comemoração de 20 anos, achamos que seria interessante pegar uma visão ampla de todas as tendências”, diz Peninha.

As maiores expectativas, então, recaem sobre a programação internacional, por espetáculos como “Hamlet”, do alemão Berliner Ensemble, fundado por Bertolt Brecht; “Jamais 203”, retorno da trupe Generik Vapeur; “Materia Prima”, da espanhola La Tristura, que já circulou por outros festivais do país; e “Frag#3 Aproximación a la Idea de Desconfianza”, versão francesa para um texto do argentino Rodrigo García – de quem o FIT-BH 2012 viu “Gólgota Picnic”. 

Intercâmbios. O projeto Intercena traz programadores de outros países para assistir à programação local durante o FIT-BH. Segundo o coordenador do FIT-BH 2014, Cássio Pinheiro, será aberto um edital para apoiar os espetáculos convidados a se apresentarem em outros festivais e países. O investimento é de R$ 400 mil.

Dívidas. Pinheiro explica que o orçamento do festival em 2012 era de R$ 6 milhões, mas extrapolou em R$ 1,3 milhão, o que corresponde à dívida ainda não paga a fornecedores.

Orçamento. A edição deste ano conta com R$ 5,5 milhões de recursos diretos do poder público.



Agenda

O que. “Prazer”, da Cia. Luna Lunera

Quando. Hoje, amanhã e quinta, às 21h

Onde. Teatro Francisco Nunes (Parque Municipal)

Quanto. R$ 20 e R$ 10 (meia)

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