Luiz Rocha apresenta seu primeiro disco, “Ar”. “Ar porque dá movimento às coisas, é verbo, é sensação, é fôlego, é dança de móbiles”, explica. Movimento e fôlego são exigidos para um artista plural: ele também é ator – em cartaz com o grupo Galpão –, compositor de trilhas e integrante do grupo Todos os Caetanos do Mundo. Mas “Ar” também é, como ele indica, “o começo e o fim da palavra amor”.
O trabalho traz o amor como tema constante, é um olhar de autor, refletido em bonitas canções, como “Enquanto Você Dorme” e “Ela”. Entre bailarinas, mães, atrizes, borboletas, algumas musas parecem habitar o universo de Luiz. “As canções são biográficas, mas não representam uma situação real. Pelo campo da canção, os temas subvertem e reverberam as impressões. O Moska fala uma coisa que eu adoro, diz que as canções são uma biografia de sensações”. O compositor carioca é uma referência (“Ele deu uns palpites legais sobre as músicas. Mas bem de leve...”, revela), assim como o gaúcho Vitor Ramil. “E os compositores da Sulamérica: Lisandro Aristimuño, Kevin Johansen, Jorge Drexler...”, elenca.
O disco é um registro mais bem acabado de seu repertório espalhado nas páginas virtuais criadas pelo artista há algum tempo. Cinco músicas foram compostas e gravadas este ano. Outras quatro foram gravadas com banda em 2011 e duas não tinham registro oficial ainda. “É um trabalho quase que totalmente solo, que me dá a possibilidade de arranjar com samplers, instrumentos virtuais... Eu componho a música e programo todo o arranjo no computador”, diz. Solo, mas acompanhado, já que o trabalho tem participações especiais e afetivas de colegas de geração. Júlia Branco, parceira no Todos os Caetanos do Mundo, e o rapper Matéria Prima (mais cantando bonito que rimando) estão em “Pássara Poesia”. César Lacerda – “o compositor mineiro que mais me instiga”, como ele diz – chega na latina “Oracíon”.
Apertado entre tantas funções (vai viajar o país inteiro com o grupo Galpão neste ano), Luiz Rocha lançou o disco no esquema independente e sem grandes pretensões de mercado. “O disco foi uma necessidade fisiológica minha de que ele nascesse. Fiz e estou vendo o que acontece”, assume. Vale a pena correr atrás do trabalho, uma boa coleção de canções com aquela marca do “baladeiro solitário” e romântico. Palavra que, aliás, não incomoda o compositor. “Gosto da palavra, mesmo sabendo de todas as implicações que ela ganhou durante os anos. Tenho uma visão romântica sim, mas nada romântica como algumas pessoas podem pensar. Sou um romântico com a vida, os encontros, as viagens, as canções, com as pessoas que atravessam a minha vida. Eu, através da canção, posso `fotografar´ esses momentos”, define.
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“Ar”, de Luiz Rocha. Independente. Download Gratuito.