Em Minas Gerais, não é incomum ouvir a obra de ícones da música popular por meio das grandes orquestras. No próximo fim de semana, a vinda do cantor e compositor paraibano Chico César, para duas apresentações – no sábado e no domingo – no Grande Teatro do Palácio das Artes, ao lado da Sinfônica de MG, reitera essa forte tendência do Estado em mesclar universos aparentemente distantes: o pop e o clássico.
Além de ser uma forma de homenagear grandes ídolos, instituições como a Sinfônica de Minas Gerais, a Orquestra Ouro Preto e a Orquestra de Câmara Sesiminas veem tal proposta como uma boa tática de aproximar a sociedade em geral da música de orquestras. E, ao que parece, elas vêm sendo bem sucedidas nessa missão.
“Durante muito tempo, em vários lugares do mundo, houve um preconceito sobre membros de orquestras, de que era algo elitista. Mas não é por aí. Sempre que fazemos esses concertos, a casa fica cheia. É algo bonito de se ver e mostra como é possível atrair diferentes públicos”, afirma Fred Natalino, pianista e arranjador da Orquestra Sinfônica.
A Orquestra Ouro Preto também carrega em seu currículo a tradição de promover a migração do popular para o clássico. “É muito importante a gente modernizar o conceito de orquestra. As pessoas conversam com a gente depois dos concertos, e então percebemos que elas nunca mais verão uma orquestra da mesma forma a partir dali. É uma maneira legal de quebrar preconceitos, de muita gente achar que orquestra é coisa de gente antiga. A gente tenta sempre ‘reoxigenar’ esse conceito de orquestra”, diz o maestro da Ouro Preto, Rodrigo Toffolo.
O regente da Sesiminas, Marco Antônio Maia Drumond, corrobora com esse pensamento. “Acho que a orquestra não pode ficar presa a um gênero. E acredito que, quando uma orquestra toca qualquer tipo de música, o público valoriza muito”, relata o maestro.
O outro lado. A Filarmônica de Minas Gerais, por sua vez, possui um aspecto diferente, mas também coerente em aproximar todo tipo de público para a música orquestrada. “O trabalho especifico da Filarmônica tem como perfil sempre a música de concerto, de difundir a música clássica para todos os públicos. Tem muita gente que não tem acesso a esse tipo de conceito ou que nunca viu e ouviu de perto um violino ou um violoncelo. As pessoas consomem muitas dessas músicas por meio das trilhas de filmes e desenhos, mas não tiveram a chance de associar isso à música de orquestra”, salienta Marcos Arakaki, que, porém, vê com bons olhos o trabalho das orquestras que tocam música mais popular. “Particularmente acho que tudo é válido. Não recrimino isso de forma alguma. Eu acho louvável. É uma forma de aproximar as pessoas e mais uma porta que se abre”, pondera o regente.
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
A Filarmônica tem a música clássica como predominante em suas apresentações, mas também busca a popularização dos concertos orquestrais para o grande público. Ontem, aconteceu a última apresentação do ano dos Concertos para a Juventude. Os ingressos, vendidos a R$ 6 e R$ 3, esgotaram-se.
Orquestra de Câmara Sesiminas
Com 30 anos de existência, a Orquestra Sesiminas já se apresentou com Milton Nascimento, Vander Lee, Maria Gadú, Diogo Nogueira, Skank e Jota Quest, dentre outros. No próximo dia 18, na Sala Minas Gerais, fará um concerto com o cantor e compositor Flávio Renegado.
Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
Por meio do Sinfônica Pop, uma iniciativa da Fundação Clóvis Salgado, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais é marcada por várias parcerias artísticas. Nomes como Elba Ramalho, Lenine, Gal Costa, Nana Caymmi, Zé Miguel Wisnik e Zizi Possi já se apresentaram ao lado da orquestra. O próximo será Chico César, nos próximos sábado e domingo, no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Orquestra Ouro Preto
Ao longo de seus 17 anos, a Orquestra Ouro ficou marcada por estreitar seus laços com o público, por meio de apresentações de cunho mais popular. Neste ano, concertos em homenagem a Fernando Brant e aos Beatles foram alguns dos momentos marcantes. Neste domingo, às 11h, no Sesc Palladium, haverá uma apresentação para o lançamento do disco “Música para Cinema”.