Apesar de terem se consolidado mais fortemente na cultura pop, “O Mágico de Oz”, “E o Vento Levou” e “No Tempo das Diligências” não são vistos por todos como os melhores filmes daquela safra. O crítico Mário Coutinho, por exemplo, questiona se “E o Vento” tem mesmo tanta importância no imaginário do espectador contemporâneo.
“Acho muito melhor o ‘Paraíso Infernal’, filme do Howard Hawks, um diretor moderno, feminista. Só que é muito menos conhecido. É uma injustiça. Mas o que eu posso fazer no meu latifúndio de livros é críticas e falar dos filmes de que eu gosto”, provoca.
Já o professor da Escola de Belas Artes da UFMG Luiz Nazário identifica vários outros bons filmes que permanecem à sombra desses grandes títulos. “‘O Corcunda de Notre Dame’ é uma proeza em termos de cenários, maquiagem e interpretação. ‘O Morro dos Ventos Uivantes’ é outra obra-prima. Também adoro ‘Vitória Amarga’, em que Bette Davis é uma jovem grã-fina que age como uma louca porque foi diagnosticada com câncer e resta-lhe pouco tempo de vida”, lista.
Além disso, “Vento”, “Oz” e “Diligências” carregam um legado histórico obscuro em termos de conteúdo: o retrato positivo da escravidão, no primeiro; a infantilização da obra original, no segundo; e a imagem negativa dos índios, no terceiro. “Mas essa mácula não se compara, em termos de horror, à história europeia, com suas Cruzadas, Inquisições, pestes, guerras, massacres, torturas, escravidões, colonialismos, fascismos, comunismos, campos de concentração e de extermínio”, defende o professor. (DO)