Segundo alguns geólogos, o conjunto das ações humanas sobre a Terra nos últimos séculos se tornou uma força de transformação de alcance planetário e efeitos de longa duração tão extremos, que o planeta estaria entrando em uma nova era geológica. Eles batizaram esse novo período de Antropoceno, ou “novo humano”.
E é esse o tema que o físico Luiz Alberto Oliveira elegeu para sua palestra de hoje no Ciclo de Conferências Mutações. Ele apresenta “Antropoceno, Objetos Invisíveis, Utopia” no auditório do BDMG, às 19h.
“O significado disso é que não vivemos mais como antes. Vamos viver nesse novo planeta profundamente modificado pela nossa ação”, considera Oliveira. E isso implica que, se a humanidade quiser construir sua eu-topia – seu “lugar de felicidade”, um dos sentidos do tema desta edição do ciclo, “O Novo Espírito Utópico” – não será naquela Terra primitiva, mas nesta nova versão. “Daí, a necessidade de explorar e entender a geopolítica desse novo planeta”, explica o físico.
Uma das principais características dessa nova era geológica, para Oliveira, é a condensação da tecnologia em dispositivos cada vez mais numerosos e miniaturizados. E ele explica que o resultado de ambientes cada vez mais enriquecidos pela presença difusa de artefatos capazes de interagir com os sentidos e a cognição humana é a existência de dispositivos localizados e ambientes-artefatos. “Nesse sentido, há uma invisibilidade. Não se tem mais um objeto específico suportando a tecnologia. A casa se torna computadorizada, e estamos o tempo todo envolvidos numa esfera tecnológica”, elabora o físico, revelando os “objetos invisíveis” de sua palestra.
Com isso, Oliveira acredita que a utopia – no sentido de anseio não-realizado – hoje é sair da infância, em termos de civilização, e entrar na adolescência. Isso significa entender que o atual sistema econômico, voltado para a expansão espacial do capitalismo, não pode durar porque não há planeta o bastante. “Então, trata-se de mudar o foco do nosso sistema produtivo de uma extensão espacial para uma extensão temporal. Encontrar uma ideia de sustentabilidade para que o capitalismo pare de expandir no espaço, e expanda também no tempo. É o desafio da era”, define.
Agenda
O quê. “Antropoceno, Objetos Invisíveis, Utopia”
Quando. Hoje, às 19h
Onde. Auditório do BDMG – rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourdes
Quanto. R$ 10 (inteira)