SÃO PAULO. O artista plástico Arthur Luiz Piza morreu, na última sexta-feira (26), aos 89 anos, em decorrência de uma doença hematológica. Piza estava internado havia 20 dias em um hospital de Paris, cidade em que vivia desde 1951. O artista expôs na 1º Bienal Internacional de São Paulo em 1951 e, após a mostra, mudou-se para Paris. Na Europa, começou a aperfeiçoar sua técnica de gravura. Assim, ganhou destaque nas bienais em solo paulistano, como em 1953, quando recebeu o Prêmio Aquisição, e em 1959, quando ganhou o Prêmio Nacional de Gravura.
Sua formação artística foi marcada pela influência de dois mentores: o pintor Antonio Gomide (1895- 1967), com quem aprendeu pintura e afresco e o polonês Johnny Friedlaender (1912- 1992), cujo ateliê em Paris lhe serviu de laboratório para seus estudos de gravura. Inspirado pelo surrealismo,
Piza se consagrou internacionalmente por meio de suas gravuras e relevos. “Ele introduziu a questão do relevo de forma muito original na Europa. Em termos de técnicas de gravura, foi considerado um dos maiores gravadores da segunda metade do século XX”, afirmou o crítico de arte Paulo Sérgio Duarte.
Segundo Duarte, as obras de Piza travavam um intenso diálogo com a produção do escultor construtivista Sergio Camargo (1930- 1990), cujos relevos também ganharam notoriedade. Ambas as obras se influenciavam reciprocamente, num ciclo virtuoso. “Eu comecei pintando, e era atraído por esse lado da gravura”, disse Piza, em 2015. “Conhecia as de Goya e Rembrandt e acho que, inconscientemente, tinha essa coisa de poder fazer (arte) para mais gente ver”, disse o artista, sobre a possibilidade de reproduzir até 99 vezes cada gravura. Piza, que também fez aquarelas e colagens, mantinha seu repertório em estado de renovação contínua.
Além da relevante produção artística, Piza também teve papel importante na rede de solidariedade a exilados brasileiros que buscaram abrigo em Paris após o golpe militar de 1964. Clélia (Piza, sua mulher) e ele os ajudavam a conseguir empregos, os colocavam em contato com outras pessoas, diz Rosa Freire d'Aguiar, jornalista e amiga do casal. Ele deixa a mulher, Clélia Piza. Não teve filhos.