“Eu não só escrevo textos, dirijo ou atuo. Eu tenho o desejo de fazer um projeto teatral”. A frase dita pela atriz, dramaturga e diretora mineira Grace Passô explica bem o reconhecimento que a artista tem experimentado em âmbito nacional.
A 29ª edição do Prêmio Shell de Teatro, cuja cerimônia de premiação aconteceu nessa terça-feira (14) no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, foi mais um capítulo nessa trajetória de sucesso. Grace levou para casa o troféu de melhor autor por “Vaga Carne” (2016), espetáculo em que também atua.
O solo, que estreou no ano passado no Festival de Teatro de Curitiba, chega a Belo Horizonte entre os dias 6 e 8 de abril, no Sesc Palladium.
“Todos os prêmios que tenho recebido pelo ‘Vaga Carne’ são históricos. Eles representam um reconhecimento muito grande, pois, desde o início da minha carreira, há pouco mais de 20 anos, optei por um teatro de reflexão sobre o que é urgente do nosso tempo”, diz a atriz, que disputou a categoria do Shell com Felipe Vidal (“Cabeça [Um Documentário Cênico]”).
Poética particular. “Vaga Carne” reúne, nas palavras de Grace, pensamentos fundamentais da vida dela em relação ao teatro. “Quem me acompanha, percebe que não tem nenhuma novidade, pois nele está uma reunião de trabalhos que desenvolvo há muito tempo na área de atuação e dramaturgia. A partir de um espaço vazio, com poucos elementos, percorro uma poética muito particular”, analisa.
Além do Shell, o solo já acumula outros prêmios e indicações. “Vaga Carne” é o espetáculo que recebeu mais indicações ao Cesgranrio (2016), e, quando houve a premiação em janeiro, faturou o troféu de melhor texto. Em abril, vai concorrer a mais duas outras honrarias: o prêmio carioca APTR, na categoria de melhor texto, e o paulistano “Prêmio Bravo!”, na categoria de melhor peça.
Grace, que atualmente apresenta “Vaga Carne” em São Paulo, acredita que um dos motivos de ter sido premiada foi o fato de sempre se preocupar com o projeto teatral. “Sempre estive ligada a diferentes funções no teatro. Não me preocupo em separar funções, já que elas acabam se misturando. Independentemente do que eu esteja fazendo em um espetáculo, mergulho de cabeça em cada projeto”, afirma.
Mais mineiros.Além de Grace ter levado o troféu de melhor autor no Prêmio Shell de Teatro, outro representante mineiro homenageado da noite foi o Grupo Galpão pelos 35 anos de trajetória completados neste ano.
“Sou praticamente uma cria do Galpão. Já participei de vários projetos com eles. O grupo lançou para o Brasil modelos de se fazer teatro muito potentes”, afirma Grace.
Ao falar do reconhecimento que a cena teatral da cidade tem recebido, a atriz diz que a produção teatral em Belo Horizonte é muito importante para o resto do país. “Somos reconhecidos pela força dos grupos teatrais”, afirma a artista, que atuou no grupo Espanca! por dez anos.
Categorias. Desde 1989, o Shell, uma das mais tradicionais premiações da cena teatral brasileira, homenageia destaques nas seguintes categorias: autor, diretor, ator, atriz, cenografia e especial. Nos anos seguintes, foram incluídos também os prêmios para iluminação e música.