Já aprovada pela Câmara Municipal e em vias de implementação, a nova Secretaria de Cultura de Belo Horizonte deve ser anunciada no início do mês de setembro. A afirmação foi feita nesta quinta (20) pelo atual presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Juca Ferreira, durante o anúncio do calendário para realização de festivais de arte na capital. Ele também será o responsável por assumir a nova pasta, que atuará de forma conjunta com a estrutura já existente na FMC.
“Eu tenho um grande desafio, que é construir a secretaria. A proposta é muito enxuta, eu diria exageradamente enxuta, mas eu sou parte de uma equipe. Se não tem recurso, se o máximo que pode é isso, vamos trabalhar com isso”, afirmou. Segundo ele, a ideia é unir quem pensa e quem executa as políticas culturais na cidade, estabelecendo um diálogo com todo o setor.
Segundo Ferreira, é compreensível a intenção do prefeito Alexandre Kalil (PHS) em cortar gastos dentro da FMC, principalmente em um momento de crise. O setor público precisa ser revisitado periodicamente e precisam ser racionalizados os gastos para ter eficiência e eficácia. “Agora, a Fundação não tem gordura (para queimar), ela tem uma estrutura que eu acho que pode ser potencializada. Ela não desenvolve plenamente as suas capacidades enquanto estrutura descentralizada, e pode ser feito isso”, disse.
Projetos. Desde que assumiu a FMC, há pouco mais de um mês, Juca Ferreira estabeleceu um diálogo com diversos setores da cultura de BH, o que resultou em projetos que devem ser desenvolvidos a partir da criação da nova Secretaria de Cultura.
Entre as conversas que já ocorreram, estão encontros com músicos e representantes das artes visuais. “Há uma demanda por um centro de referência da música, algo que disponibilize o mínimo de possibilidade de memória e preservação de toda essa história riquíssima de Minas Gerais. Inclusive, existe um projeto concreto de um centro de referência do Clube da Esquina”, adiantou, ressaltando outros questionamentos trazidos pela classe artística. Foram apontados vários assuntos, por exemplo a deficiência da estrutura de equipamentos e teatros para apresentações.
“Eu fiquei com a impressão de que vai ser necessário criar um circuito cultural para toda a cidade, para que os artistas tenham possibilidade de apresentação e para que o público de toda a capital tenha acesso a isso”, disse Ferreira.
No campo das artes visuais, o presidente da FMC já está debatendo um uso mais qualificado do Museu de Arte da Pampulha (MAP). “Me disseram que ali tem que virar o museu de arte contemporânea do Estado. Mas eu percebo que o espaço não foi construído para ser museu, e ele tem algumas inadequações. Por exemplo, é todo envidraçado. Museu precisa criar um ambiente meio uterino para que o que for apresentado ali dentro seja a atração principal”, explicou. A criação de um museu com esse foco, segundo ele, será debatida nos próximos anos pela nova secretaria.
Virada Cultural
Otimismo. Juca Ferreira afirmou ser favorável à realização da Virada Cultural, mas o evento ainda está sendo discutido dentro da FMC. Ainda é preciso definir verbas e datas. Segundo ele, a Virada pode ser um ativo econômico e atrair visitantes para a capital.