São Paulo. Existe um ar de déjà vu em “No Olho do Tornado”, dirigido por Steven Quale, que fica ainda mais forte se você viveu a febre de filmes sobre o tema que varreu a década de 1990. “Twister”, de 1996, o ápice dessa moda, é sem dúvida uma fonte de inspiração. Nos primeiros 40 minutos, as produções são tão parecidas que fica a impressão de uma ser refilmagem da outra.
Em ambas, um grupo de caçadores de tempestades corre de tornado em tornado enquanto uma pequena cidade norte-americana é completamente destruída. Mas as semelhanças param por aí. Não é mais a necessidade de entender os ventos e como as células de tempestade se formam que movem esses caçadores, mas o dinheiro e a massagem no ego que o contador de visualizações da internet proporciona.
Enquanto no século passado “Twister” nos ensinou que F5 era o ápice da escala Fujita, que mede a intensidade de tornados, com ventos de quase 500 km/h e sinônimo de devastação completa, o que fica de “No Olho do Tornado” é que é possível viver fazendo vídeos para o YouTube e que F5 é a tecla que recarrega a página do seu navegador.
Mais interessante que isso tudo – e, no entanto, pouco explorado – é o impacto que tamanha destruição causa na vida dos habitantes de cidades atingidas por essas catástrofes.
Como uma parte da narrativa é construída por pequenos fragmentos de noticiários televisivos e depoimentos dos moradores dos locais atingidos, fica sempre a impressão de que essa parte poderia ter sido melhor desenvolvida.
O pai (Richard Armitage) que procura pelo filho preso nos escombros de uma fábrica é uma boa tentativa de humanizar a história, mas a trama é tão ruim que chega a dar vontade de torcer contra.
No fim, “No Olho do Tornado” é quase um filme sobre como correr riscos e ser um idiota pode lhe render milhões de dólares, cliques e alguns minutos de fama. O que talvez seja uma atualização necessária dos anos 90 para os dias de hoje, em que todo mundo filma tudo.
Outras estreias
“Magia ao Luar” – Após “Meia Noite em Paris”, Woody Allen volta à França nesta nova empreitada, estrelada por Colin Firth e Emma Stone.
“Todos os Dias” – Michael Winterbottom filmou durante cinco anos o cotidiano de uma família que espera o pai sair da cadeia.
“A 100 Passos de um Sonho” – Lasse Hallström volta ao tema de “Chocolate”, ao focar em um estrangeiro que chama a atenção num vilarejo por causa de seus pratos exóticos.
“Bistrô Romantique” – Comédia romântica belga que se passa no Dia dos Namorados.
“Uma Lição de Vida” – Coprodução entre EUA, Quênia e Reino Unido conta histórica verídica.