Frederico Mendonça de Oliveira, conhecido como Fredera, era baterista da banda Som Imaginário no início dos anos 70, quando Zé Rodrix integrou o conjunto. Ao conversar com Toninho Vaz, Fredera duvidou que seu depoimento fosse ser publicado. “Ele não gostava do Zé, desde o início os dois não se davam bem. O Milton (Nascimento) um dia foi se apresentar de porre e o Zé abandonou o palco e nunca mais voltou. Ele era assim”, retrata Vaz.
“Não faço biografia para ser elegante com a personagem. Sou incapaz de enfeitar o pavão. Busco chegar ao equilíbrio, sem frescura, chego a ficar doente de tanto querer ouvir todas as partes”, completa o biógrafo. Tanto é verdade que o rompimento com Sá e Guarabyra e a dissolução do trio também aparece nas páginas da publicação. “Eles viviam às turras. Os três tinham um temperamento muito forte. Ao mesmo tempo, eles se admiravam. O que os manteve juntos foi o sucesso. O Zé não aceitava ser o segundo de jeito nenhum, em nada”, afirma.
A união, embora cheia de solavancos, legou à música brasileira clássicos como “Mestre Jonas” e “Jesus Numa Moto”. “Não são temas usuais no nosso cancioneiro. São músicas que nasceram como hinos religiosos e eles transformaram em canções pop. Eles tinham muitas afinidades ideológicas”.
Trecho do livro
“E foi justamente na viagem de ônibus pelo interior de Goiás, durante esta excursão, que Zé Rodrix escreveu, em uma folha de papel de carta, o poema que daria origem à canção ‘Casa no Campo’, parceria com Tavito, para quem ele entregou o texto sugerindo uma melodia. Ele estava contemplando a paisagem pela janela do ônibus, sabendo que Lizzie estava grávida e que ele em breve seria pai. No hotel, Tavito decidiu combater o tédio dedilhando ao violão a melodia que consagrou a música lançada em 1972.”