O Festival Traço – Música e Desenhos ao Vivo chega ao fim de um ano reunindo 12 bandas e 16 artistas gráficos com atuação em Minas Gerais. A estreia, em agosto de 2014, aconteceu no Stonehenge Rock Bar, de onde migrou para A Autêntica, casa que recebe hoje a programação de aniversário do projeto, com uma mistura de apresentações sonoras e visuais: durante as performances dos músicos, ilustradores mergulham no som para criar desenhos e narrativas que são projetadas em um telão.
“A ideia é antiga, vem desde 2009, quando eu vi uma apresentação do músico Kevin Johansen com o cartunista argentino Liniers. Eu via essa aproximação entre a música e o desenho feitos ao vivo acontecendo em vários lugares e resolvi trazer para Belo Horizonte”, conta Jão, desenhista e um dos idealizadores do projeto. Mas a realização do Traço só foi possível em 2014 a partir da parceria com a jornalista Helen Murta, que atua também como produtora na cena musical da cidade. “Juntamos nosso conhecimento e costuramos bandas e desenhistas a partir das características de cada um, mas sempre pautados pela ideia da diversidade, tanto de gêneros musicais quanto das modalidades gráficas, como o quadrinho, a pintura, o desenho”, conta Helen.
Programação. A noite de encerramento do primeiro ano do Festival Traço é representante dessa salada proposta pela curadoria. O grupo Ram, que se orienta por vertentes do blues e do rock, faz o som para os desenhos da dupla Luiz vs. Zé, composta pelos artistas gráficos Luiz Moreira e José Lara, que, juntos, fazem uso do traço em preto e branco para abordar temas como libertinagem e extravagância.
Em seguida, o electro-frevo-bossa-punk do Madame Rrose Sélavy faz dupla com a ilustradora Bianca, criadora da página do Facebook Anna Bolenna: a Perturbada da Corte, onde publica tiras e histórias que dialogam com movimentos feministas e cultura underground.
“Eu acompanhei algumas edições do Traço e, como sou cartunista, fiquei de olho no trabalho dos artistas. Em alguns deles, a gente sente que o desenho é livremente influenciado pelo som. Em outros, é nítido como a imagem acaba resenhando a banda, fazendo uma síntese daquilo que ela é. No caso da Bianca, ela trabalha com muitas cores e linhas, e a gente acha que, a partir do nosso som, pode vir algo com a cara da banda”, conta Marcos Batista, baixista da Madame.
O fechamento da noite fica com o Coletivo Dinamite, com manifestações das culturas negra e urbana, no embalo do soul, rap e rock. O som da banda ganha os traços do Bruno Rios, artista plástico que explora territórios na arte contemporânea ao mesmo tempo em que usa técnicas tradicionais.
Publicações. Além das performances, o evento recebe bancas para a venda de publicações independentes e CDs. O Coletivo Azinas, que trabalha com temas feministas, o Passaporte, selo independente de quadrinhos, e a banca do artista plástico Mateus Ferreira já estão confirmados.
Como um desdobramento do Traço e a fim de contribuir para o mercado gráfico, a dupla Helen e Jão realiza também a Faísca, feira de publicações que acontece no terceiro sábado de cada mês no BDMG Cultural. “Os trabalhos independentes têm dificuldades para fazer circular a produção. Por isso, a gente faz a feira no Traço e cria a Faísca para marcar uma periodicidade, para pessoas saberem onde e quando vão ter a possibilidade de vender e de comprar”, conta Jão.
Agenda
O quê. Festival Traço – Música e Desenhos ao Vivo
Quando. Hoje, às 21h
Onde. A Autêntica (rua Alagoas, 1.172, Savassi)
Quanto. R$ 25 (preço único)