Pequim, China, 1989. Quatro câmeras registram o momento em que um homem enfrenta de pé uma fila de tranques de guerra, e ele fica mundialmente conhecido pela resistência à ação militar sobre os protestos na praça da Paz Celestial. São Paulo, Brasil, 1989. O dramaturgo Beto Matos, na época com 22 anos, observa a imagem estarrecido. A cena reverbera tanto na vida do paulistano que, 21 anos depois do ocorrido, ele cria o texto do monólogo “O Homem da Camisa Branca” (2010), que será apresentado desta sexta-feira (17) a domingo (18) no Sesc Palladium. O espetáculo integra o projeto Criações de Bolso e tem assinatura do diretor Marcos Azevedo.
Tanto tempo maturando a cena fez com que Beto, que também atua no grupo de artes cênicas paulistano Phila7, lançasse outro olhar sobre o episódio. “Acabei vendo o que a maioria não enxergava: outro homem muito importante foi o piloto do tanque que, depois de desviar algumas vezes, decidiu pará-lo”, observa.
Essa forma de observar o acontecimento, aliás, virou pano de fundo da narrativa cênica. No espetáculo, Beto lança luz sobre a visão periférica que as pessoas têm a partir dos acontecimento transmitidos pelos veículos de comunicação. “A gente está muito acostumado a receber o que a mídia mostra e nos esquecemos de olhar para o que está além”, analisa.
Para transmitir essa ideia, o dramaturgo se divide em três no palco: no próprio Beto, em autor e em ator. “Transito entre vários personagens e, de uma forma não muito linear, assumo ora o homem está dentro do tanque, ora o que está do lado de fora”, diz. Além disso, Beto usa material em vídeo com registros da época e recortes de imagens. Uma câmera, manuseada por ele mesmo, também capta em tempo real imagens dele que são mostradas para a plateia durante a montagem.
Serviço. “O Homem da Camisa Branca. Nesta sexta (17) e sábado (18), às 20h, e, domingo, às 19h, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium (av. Augusto de Lima, 420, centro). Ingressos: R$ 10 (inteira)
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Outro olhar sobre os automóveis de guerra
Beto Matos apresenta “O Homem da Camisa Branca”, que reflete sobre novas perspectivas a partir de um mesmo fato
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